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Cerimônias da sexta feira santa emocionam fiéis
Por: Giselle Silva em 11/04/2009 - 10:38
Procissão do Senhor Jesus Morto
(Sânia Mary Mendes Mesquita de Sousa Santos)
Em Oeiras, terra de religiosidade marcante, Celebração da Paixão do Senhor se inicia dentro da Catedral de Nossa Senhora da Vitória ao entardecer, e ao cair da noite, ganha todas as redondezas da Velha Matriz, todo o Centro Histórico da Primeira Capital do Piauí.
A cerimônia é composta de quatro partes, a Liturgia da Palavra, da Adoração à Santa Cruz (beijo à Cruz), a Comunhão dos Fiéis e, por fim, o Descimento da Cruz seguido da Procissão do Senhor Morto.
A Praça das Vitórias, a Praça de Eventos, o Passeio Leônidas Melo e a Praça das Bandeiras são tomadas pelos fiéis que se achegam para participar da celebração, rememorando os momentos de dor, sofrimento e morte de Jesus.
O momento de maior concentração de pessoas ocorre quando se inicia o que chamamos “Sermão do Descimento da Cruz”. Trata-se de uma reflexão promovida por um pregador acerca da Paixão e Morte de Jesus, de Sua entrega, de Seu sacrifício e do sentido maior de nossa fé, a RESSURREIÇÃO.
Homens, mulheres, jovens, crianças, idosos, todos acorrem a contemplar o Cristo Crucificado. No patamar da Velha Matriz é exposta uma enorme cruz de madeira, onde se vê uma imagem de Cristo em “tamanho natural”, entalhada em madeira. É a contemplação do mistério da atração irresistível do amor de Cristo.
O cristão verdadeiro é aquele que abraça sua cruz e não se afasta de Deus à primeira decepção. Por isso adoramos e beijamos a Santa Cruz de Jesus, porque POR SUA CRUZ, CRISTO REMIU O MUNDO.
Enquanto o sacerdote profere a reflexão, a imagem de Cristo é descidado alto do madeiro, por dois homens da comunidade, representandoNicodemus e José de Arimateia, aquele que teve autorização do oficialromano para descer o corpo de Jesus da cruz e promover seusepultamento.
Após o “descimento”, os fiéis seguem em procissão pelas ruas do Centro Histórico de Oeiras. Levam consigo a imagem do Senhor Morto, depositado no ataúde, sob um pálio de cor roxa, num cortejo fúnebre, acompanhado pela Imagem da Mãe das Dores e pelas mulheres seguidoras de Jesus, as mesmas da Procissão de Bom Jesus dos Passos.
Durante o trajeto são realizadas sete paradas. E a Verônica (para os oeirenses Maria Beú) apresenta o sudário aos passantes enquanto entoa seu canto de lamento: “caminheiros que passais por este caminho, parai um pouquinho e olhai, por favor, se neste mundo existe uma dor assim tão grande como a dor de minha dor”.
A Banda de Música Santa Cecília acompanha o cortejo executando com primor a Marcha do Senhor Morto. No rosto dos fiéis percebe-se dor e tristeza. Muitos acompanham a Procissão portando velas acesas, outros ainda levam as lamparinas usadas na Procissão do Fogaréu. Mas todos num profundo sentimento de penitência e solidariedade para com o Salvador, o Redentor, aquEle que se entregou incondicionalmente por nós até as últimas consequências.
A Catedral de Nossa Senhora da Vitória é o ponto de partida e o destino final da procissão. Ao final, as imagens são introduzidas na Igreja. A coroa de Jesus é muito disputada pelos presentes, que acreditam que se tiverem um ramo daquela coroa em sua casa estarão livres dos males do corpo e da alma.
Finda a cerimônia, a Igreja se fecha em luto e em silêncio litúrgico, que somente será quebrado no Sábado Santo, a noite, com a Vigília Pascal. Os sinos e os instrumentos musicais não tocam até o anúncio da Páscoa.
Sânia Mary Mendes Mesquita de Sousa Santos
Especial para o Mural da Vila