
Depois do 'Governo do Desenvolvimento' veja semelhanças entre Teresina e Nova Iorque

O Regresso
Minhas leitoras e meus leitores, voltei! Fiquei ausente deste espaço no primeiro turno das eleições. Assunto tinha até demais! Mas, como política é meu prato preferido e podia criar alguma inimizade por causa de minhas humildes impressões, resolvi dar um tempo. Vocês sabem que político neste período é bicho sentido. Mais sentido do que carne de porco! Eu nem me preocupei tanto com os calundu dos amigos que estão na oposição. Todo castigo pra corno e pra quem tá fora do governo é pouco. Fiquei com o pé atrás foi de zangar alguém do governo. Este povo tem o corim finim, finim. E cá pra nós: Gunverno é Gunverno! Por pior que seja!
Aí, pra minha sorte, aproveitei pra dar uma voltinha no novo mundo. O Nilo Angeline, da Tam, me presenteou com duas passagens para Nova Iorque (que não é a do Maranhão) pra ver o show da Ivete. E vocês sabem que de graça eu levo de topada a injeção na testa, não sabem? Pois bem. Lá fui eu.
Tinha muita vontade de conhecer a “Big Apple”. Imaginava que chegando lá ia ver tanta novidade e tanta riqueza com estes olhinhos que mamãe me deu que pra me acostumar com Teresina novamente ia ser treva. Mais ou menos igual a estes mineiros chilenos, que depois de 60 e poucos dias soterrados no escuro, precisam de um tempo pra se reacostumar com a luz do sol e a vida daqui de cima da terra. Besteira minha!
Depois que o “Governo do Desenvolvimento” passou por aqui, a nossa Cidade Verde não ficou devendo nada para nenhuma metrópole do muuundo! Quer saber por quê? Eu conto!
Metrópole
A ilha de Manhattan, lá em Nova Iorque, é cercada por dois rios, o Hudson e o Brooklin. Teresina, como sabemos, é banhada pelo Parnaíba e pelo Poty. Se lá eles têm a famosa 5ª Avenida, aqui nós temos a Frei Serafim que também não é de 5ª categoria. Se eles têm o Central Park, nós temos a Praça da Bandeira. Para fazer grandes shows eles têm o Madison Square Garden. Já nós, além do Atlantic City, do Franly, ainda temos a Arena do Teresina Shopping. Lá, se o Donald Trump tem imóvel em todo lugar, aqui nós temos o Junior da Luauto, que tem tudo em tudo enquanto é quarteirão. Até nas coisas ruins nós somos parecidos. Se lá os terroristas derrubaram as Torres Gêmeas no fatídico 11 de setembro de 2001, aqui em 6 de novembro do mesmo ano de 2001, o Hugo Napoleão soltou uma bomba em cima do Karnak que acertou bem na mulera do Mão Santa, explodindo todo o governo do PMDB com Paulo Lages, Jonhatas Nunes, João Madison, Marcelo Castro, Warton Santos, Themistocles, Kleber Eulalio e tudo mais.
E quer saber mais? Andei prestando atenção no dinheiro deles. E convido a leitora e o leitor pra também prestar atenção na nota de 100 dólares. Se olharem bem, vão ver que aquele velhinho que tem estampado na nota não é o Flanklin Roosevelt coisa nenhuma. Ali é o Seu João disfarçado de gringo, quando ele era mais pobre e mais magro.
Como a minha viagem foi de graça, perdi mesmo só o tempo. Mas tempo eu tenho muito. Até pra escrever besteira, como na coluna de hoje. Vamos em frente. Eu vou ali e volto já, já!
O Rei do Brega
No final dos anos 70, o Sidney Magal já era considerado o “Rei do Brega”. Era assim um Bartô Galeno dos dias atuais. Ligando o Roque Moreira ou o Programa do Galego, só se ouvia o “Meu Sangue Ferve por Você”, “Amante Latino”, “Se te Agarro com Outro Eu Te Mato” e a tal da “Sandra Rosa Madalena”. Não sei dizer se ele era bonito. Só sei que ele era diferente. Usava umas camisas remendadas com diversos panos multicoloridos folgadas no estilo balonê e umas calças apertadas OP (Ovos Partidos). Aquelas que parecem que foram costuradas com o caba dentro. Já os cabelos, ora estavam soltos com uma trufa no quengo, ora estavam lambidos com brilhantina Grostora. E o bicho dançava jogando os quarto pra frente feito quem vai chutar uma bola e se rebolando feito cobra em areia quente. No requebrado era ver o Ney Matogrosso!
Aí um empresário daqui contratou ele pra fazer um show no Verdão. Como lá em casa morava uma moça que dava até um dente da frente pra ver o Magal, ela queria porque queria ir ver ele era logo no Aeroporto. Este mesmo Aeroporto de hoje. Mesmo endereço, mas com o nome diferente. E lá fomos nós, ela agarrada na minha mão e eu na mão dela.
Lá, ficamos naquela parte de cima esperando o avião descer e já preparados para correr pro desembarque pra olhar o homem de perto. E era gente se espremendo pra tudo enquanto era lado com a mesma vontade da gente. Pra nosso desespero, quando o avião da Vasp desceu, encostou um Landau preto xis com a escada e o cantor entrou nele ligeiro bala. Corremos então para ver o carro na rua. Quando o portão abriu, uma carreata já esperava ele. Eu entrei na frente do Landau, como quem ataia égua, e o carro quase passa por riba de mim, com Sidney Magal e tudo. Foi o suficiente pra eu me traumatizar com este negócio de carreata. Só me meto onde tem muita gente e muito carro se for o jeito.
Mas, só completando a informação que pode ser checada com o pessoal daquele tempo: o show no Verdão foi uma loucura tão grande que arrancaram a roupa do Sidney Magal. Ele teve que correr pro camarim só de cueca.
Eu e o “Povo do 14”
Apois bem. Trinta anos depois, lá estou eu, a minha esposa, a minha petistinha e a lalá, minha cachorrinha, na porta da nossa casa. Quando eu me espanto com uns foguetes e deito os meus olhos de rua acima, vejo de longe uma carreata vindo em nossa direção. Era o “Povo do 14” passando por ali. Quando eu me preparei pra correr que tentei juntar mulher, menina e cachorrinha, a mulher já ia na frente no rumo de dentro de casa, arrastando a menina pelo bracinho com a cachorrinha com a língua de fora correndo atrás. Gritei: “Mulher, pela hóstia, o que foi? Tu também tem medo de carreata e foguete?” No que ela gritou quase sem fôlego: “Corre homi de Deus! Eu não paguei o carnê! Vamos entrar em casa e trancar as portas que o Povo do Paraíba tá vindo é buscar nossa geladeirinha!”
Fiquei com pena dela e mais ainda foi da minha petistinha. A bichinha, sem ver e sem ter pra quê, corria tanto que as perninhas iam batendo na fraldinha. Como diz o Amadeus da televisão: pobre sofre!
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