
Deus é mãe

Por Sânia Mary Mendes Mesquita
Deus é mãe! Não há como negar essa assertiva, pois que foi dEle que foram gerados os dois únicos seres humanos não nascidos de mulher. Da argila o Criador moldou Adão, a sua imagem e semelhança. No entanto, não tendo ficado feliz com a solidão de sua criatura, com a incompletude de sua obra, fez com que o homem caísse em sono profundo e de sua costela, de suas entranhas, colheu material para fazer Eva. E como a carne coletada não fosse suficiente para moldá-la na sua inteireza, Deus a preencheu de capacidades mútuas, em especial a de ser a porta de entrada das novas e infinitas criações humanas que viriam pelos séculos sem fim. E Ele viu que o que fez era bom e que sua obra estava completa.
No século XXI ainda se vive o mistério e a docilidade de ser mãe, um ser preparado para a função sem nunca ter estudado, e estruturado sem jamais ter sido treinado para tanto. Isso é possível porque o amor transcende todas as dificuldades de conhecimento, preparo, condições físicas ou psicológicas, ultrapassa obstáculos uterinos, de idade, de procriação pelos meios naturais (leia-se: da natureza), de quaisquer condições. É o amor que molda cada mãe, todas diferentes, mas tão iguais...
Ontem, ao ser perguntada sobre o que eu desejaria ganhar de presente no Dia das Mães, respondi que nem adiantava tentar adivinhar, pois o fruto de meu desejo não estaria à venda. E por mais que se critique a data, que se diga que o Dia das Mães se mercantilizou, faço uma leitura diferente. Os seres insensíveis não são capazes de compreender que os mimos entregues são mera tentativa de expressar o quanto aquela pessoa que em nossa vida cumpre a função de mãe tem importância em nossas vidas de filhas e filhos. É uma simbologia, cheia de significado.
Mas o que as mães desejam mesmo ganhar de presente? Não são joias, perfumes, bombons, ou mesmo o carro do ano, nem uma casa na praia. Tudo isso será acessório ao desejo e a oração de cada mãe pedindo pela saúde e pelo desenvolvimento de suas/seus filhas/os. A mãe deseja que cresçam livres de dependência emocional, que estudem e desenvolvam diversas competências e que as apliquem na construção de si mesmas/os como pessoas do bem e que promovam a paz e a harmonia por onde passarem. Em seus pensamentos mais íntimos, a mãe pede para que suas/seus filhas/os não se desviem do caminho de cidadania, de solidariedade, de convivência saudável em todas as células sociais (família, escola, trabalho e comunidades em geral).
E quem disse que o amor de mãe é limitativo ou restritivo? Não, não é, pois quando esses desejos que ela repete diariamente não se realizam, a mãe continua a amar sua/seu filha/o e a dedicar-lhe carinho e afeto, independente de qualquer circunstância: se sucumbiu à doença, se desviou-se das linhas da lei, se não é o que a sociedade deseja que ela/ele seja, se transgride as regras e parâmetros que são impostos. A mãe simplesmente ama, e ama dobrado, porque mãe não tem "se".
A grandeza desse amor de mãe está em amar sem condições, sem imposições, sem circunstâncias, simplesmente amar - mesmo e especialmente quando todos condenam, ela ama, multiplica e potencializa seu amor. Também por isso: Deus é mãe, pois Ele não seleciona condições, “ses”, posturas ou condutas, Ele “apenas” ama, desejando que nós nos amemos uns aos outros, sem "se".
Nessa data, desejo firmemente que o amor germinado pelas mães floresça em cada filha/o, pois assim alcançaremos os objetivos para os quais fomos moldadas/os: amar e sermos amadas/os. E rogo aos céus que derrame bênçãos de saúde para as mães, na esfera física, mental e espiritual, a fim de que prossigam missão que foi confiada.
Feliz Dia das Mães!
Feliz vida de Mãe!
Sânia Mary Mesquita, 12 de maio de 2019.
(Sânia Mary Mesquita é mãe, e nas horas vagas é todas as outras coisas)