Com apenas 16 anos, a estudante piauiense Camila Claudio já coleciona prêmios nacionais e internacionais com um dispositivo inovador que mede a radiação solar e pode contribuir diretamente na prevenção do câncer de pele. Recentemente, a jovem conquistou a medalha de prata na Feira de Ciências e Tecnologias do Continente Africano (I-FEST²) – International Festival of Engineering Science and Technology in Tunisia, o maior evento de ciência do continente africano. Camila foi a única representante do Nordeste brasileiro a participar da feira.
“Foi bom ver que o nosso projeto foi reconhecido e também recebemos várias dicas tanto dos avaliadores como dos outros participantes, e a gente percebe como esse projeto de conscientização é tão importante para um continente tão ensolarado como a África”, contou a estudante.
Sunsense: tecnologia que protege a pele
O dispositivo, batizado de Sunsense, começou a ser desenvolvido em 2023. Ele é capaz de monitorar as emissões de radiação ultravioleta (UV) do ambiente ao qual a pessoa está exposta, emitindo alertas preventivos personalizados com base nas características da pele do usuário e no fator de proteção solar (FPS) utilizado. Dessa forma, o equipamento informa a intensidade da radiação solar, ajudando na prevenção de queimaduras e no combate ao câncer de pele.
“O Sunsense é uma ferramenta que auxilia na prevenção do câncer de pele utilizando não só a radiação ultravioleta como também o tempo, o tipo de pele e o fator de proteção solar para emitir alertas personalizados”, ressaltou Camila.
Aplicação prática para trabalhadores da construção civil
Pensando nos profissionais da construção civil, que permanecem por longas horas expostos ao sol, o protótipo foi adaptado para ser acoplado ao capacete de proteção individual (EPI).
“No capacete a gente implementou uma placa com um Wi-Fi integrado para poder enviar os dados de forma digital e ficar analisando eles. Também tem um alerta sonoro, dependendo do nível de radiação, que fica na lateral, e o sensor em cima para ficar medindo a radiação que é exposta diretamente na cabeça, e os LEDs para identificar qual é o nível da radiação”, explicou a jovem.
Segundo o gestor ambiental Yuri Lima, pai de Camila e orientador do projeto, a ideia é que as informações coletadas pelo equipamento possam ser acompanhadas por meio de um aplicativo, indicando o tempo de exposição solar seguro para aquele trabalhador.
“O diferencial desse projeto na inovação é justamente o algoritmo que foi modelado para trabalhar com esse leitor de UV. Então já existia a leitura, mas ele dava resultados simples, como acender LED, um aviso sonoro, e a gente, através do algoritmo, consegue fazer outros alertas. Ele calcula o tempo de exposição segura para cada pessoa com base no fator de proteção do protetor solar, no fototipo da pele de cada um e gera também um acúmulo de exposição. Esse valor do tempo de exposição segura é recalculado a cada 30 segundos. Então, se você está em um índice de exposição muito elevado, seu tempo é curto, mas, de repente, ficou nublado, então seu tempo vai ficar dilatado e ele vai recalcular quanto tempo você tem”, destacou o gestor.
Para Camila Cláudio, o sentimento é de realização ao ver o projeto ganhando destaque internacional após tanto esforço e dedicação.
“É muito bom o sentimento de chegar aqui tão longe com um projeto que houve tanta dedicação e iniciou até de forma despretensiosa em 2023, com a participação na FEMIC, Feira Mineira de Iniciação Científica, onde a gente ganhou o primeiro lugar na categoria da saúde e assim ganhamos uma credencial para a FENADANTE. Lá, nessa outra feira, que ocorreu em São Paulo, a Feira das Nações de Antial Aligier, nós também conseguimos um ótimo resultado que nos deu essa credencial para participar deste evento na Tunísia”, finalizou a estudante.