
Comissão Municipal de Regularização Fundiária se reúne para deliberar sobre procedimentos
29/05/2025 - 13:03Reunião realizada nesta quinta-feira (29) discutiu demandas e definiu encaminhamentos para continuidade dos trabalhos
Foi enterrado em Oeiras nesta quarta-feira o corpo de Dr. Darcy Mendes de Carvalho, falecido em Teresina, na terça-feira, dia 19 de julho.
O sepultamento aconteceu no cemitério do Santíssimo Sacramento, no centro de Oeiras. Antes, aconteceu a missa de corpo presente, que foi acompanhada por familiares e amigos.
Dr. Darcy, morreu aos 87 anos, e deixa viúva, Teresinha Ribeiro Gonçalves Mendes de Carvalho e os filhos Tereza Maria, Iolanda, Darcy, Fábio, Cláucio, Larissa e Armando.
VEJA O PERFIL BIOGRÁFICO DE DR. DARCY MENDES DE CARVALHO:
Dr. Darcy Mendes de Carvalho nasceu em 30 de dezembro de 1923, em Simplício Mendes , então pertencente ao município de Oeiras. É filho do Cel.da Guarda Nacional Antônio Mendes de Carvalho e de sua prima Maria de Sousa Mendes. Farmacêutico, formado em dezembro de 1948 pela gloriosa Faculdade de Medicina e Escolas Anexas de Farmácia e Odontologia da Bahia.
Em 29 de setembro de 1955 casou-se com a bela jovem Teresa de Carvalho Gonçalves, filha também de um casal de primos, o fabuloso médico-oftalmologista Dr. Paulo de Tarso Ribeiro Gonçalves e a musicista Yolanda de Carvalho Gonçalves, exímia bandolinista, integrante da primeira formação da banda de Bandolins de Oeiras, e irmã da maestrina Aracy de Carvalho, mãe do escritor O.G. Rego de Carvalho.
Um ano após formar-se, Dr. Darcy fixa morada no Território de Roraima, a convite do Governador, o piauiense Miguel Ximenes de Melo. Naquelas terras do extremo norte do País, ele ingressou no Serviço Público Federal, como Farmacêutico do Ministério da Saúde, e dinamizou sua militância política, desabrochada quando ainda era estudante secundarista e consolidada nos tempos de faculdade, época em que exerceu forte liderança estudantil e participou ativamente das campanhas dos governadores udenistas Juracy Magalhães e Otávio Mangabeira.
Dr. Darcy Mendes de Carvalho é Farmacêutico por formação e militante político por vocação. Esteve presente nos grandes movimentos políticos nacionais. Foi ele quem, por designação da UDN, partido ao qual foi filiado desde os tempos de estudante em Salvador até a extinção de todas as agremiações partidárias existentes e instituição do bipartidarismo pelo regime militar, fez o discurso de saudação, em 1960, ao prefeito de São Paulo, Ademar de Barros, e, em 1965, ao governador do Rio de Janeiro, Carlos Lacerda, quando, em campanha para a Presidência da República, esses grandes expoentes da política brasileira visitaram o antigo Território de Roraima. Foi ele também o orador oficial da solenidade de posse do piauiense Ademar Soares da Rocha no governo daquele Território.
Nos tempos da célebre campanha da Diretas já!, liderada pelo inesquecível Ulysses Guimarães, era Dr. Darcy o presidente do PMDB aqui de Oeiras. Foi presidente do partido durante todo o primeiro mandato do prefeito B.Sá. A presidência de Dr. Darcy foi tão marcante que ainda hoje muitas pessoas se referem a ele como meu presidente ou presidente eterno do PMDB. A verdade, no entanto, é que, se a presidência de Dr. Darcy, por sua firmeza de caráter, suas posições coerentes, seus discursos inflamados, empolgantes e comoventes, seus conselhos sábios e pertinentes, ficou indelével na memória de seus correligionários, a direção estadual do partido não hesitou em protagonizar um acontecimento ridículo e inusitado, revelador de mesquinhez moral inadmissível em qualquer um e muito menos naqueles que se diziam condutores de um povo carente, crente e cheio de esperanças como é a nossa gente piauiense. Numa inversão inconcebível de valores, o partido decidiu punir e perseguir os que lhe eram leais e amigos, riscando de suas hostes os companheiros oeirenses e elevando ao panteão aqueles a quem por dever e lógica combatia.
Em 1989, o PMDB de Oeiras, presidido por Dr. Darcy, apoiou em primeiro turno o candidato do partido à Presidência da República, Ulysses Guimarães. Na contramão da lealdade partidária e da firmeza ideológica, o diretório estadual se uniu à candidatura de Fernando Collor de Melo. No segundo turno, o PMDB de Oeiras, seguindo orientação de Dr. Ulysses e do diretório nacional, arma combate em defesa de Lula. Novamente a direção estadual se alia ao candidato adversário. Fernando Collor sai vitorioso das urnas, e o comando estadual do partido intervém no diretório municipal, destituindo Dr. Darcy da presidência e entregando a bandeira partidária aos tradicionais rivais. Após isso, Dr. Darcy abandona a militância partidária. Pouco mais de dois anos depois, Fernando Collor de Melo sofre impeachment por práticas de corrupção.
Dr. Darcy descende diretamente do talvez mais importante patriarca da colonização piauiense, o fazendeiro Valério Coelho Rodrigues, desbravador português que na metade do século XVIII povoou de gado e de gente esses sertões banhados de sol. Descende também dos heróis das tramas e guerras da independência e da balaiada, como o brigadeiro Manoel de Sousa Martins, o Visconde da Parnaíba, principal líder do movimento insurgente que garantiu a adesão do Piauí à causa da independência, em cuja homenagem o Piauí e em especial Oeiras celebram este 24 de janeiro.
Foi Dr. Darcy amigo e colega de turma no colégio Diocesano, em Teresina, de baluartes da política nacional e estadual, como os ex-governadores do Piauí, Petrônio Portela e Djalma Veloso. Foi também amigo do dos ex-governadores do antigo Território de Roraima, Miguel Ximenes de Melo e Ademar Soares da Rocha.
Dr. Darcy guarda com carinho as lembranças de seu tempo de militância política e de seus amigos de palanques e trincheiras partidárias. É um patrimônio do qual a memória não se desfaz.
Outro patrimônio que Dr. Darcy e sua querida esposa Teresinha protegem e cuidam, atribuindo-lhe valor inestimável, é a família, desfalcada em 1974 do filhinho Norman, morto ainda criança, num trágico acidente de carro que comoveu toda a cidade, e hoje composta de sete filhos e treze netos. Aos filhos o casal dispensou devotado cuidado, sacrificando o conforto do próprio lar para garantir-lhes os estudos nos grandes centros e conseguir formar todos eles, provendo-os com os parcos recursos advindos da aposentadoria como farmacêutico do Ministério da Saúde e os rendimentos proporcionados pela exploração de uma pequena farmácia de interior.
O patrimônio de Dr. Darcy é substancialmente reforçado pelas amizades cultivadas por ele ao longo de sua existência e de sua peregrinação pelo extenso território nacional. São amigos de Simplício Mendes, sua querida cidadezinha natal, para onde regressou, no final de 1965, após aposentar-se do Ministério da Saúde, e onde trabalhou como professor de ciências do antigo ginasial, atual ensino fundamental maior. De Teresina, onde concluiu o ginásio e foi líder religioso, sob influência do amigo D. Severino. De Fortaleza, onde estudou o 1° ano do antigo científico, hoje chamado ensino médio, e lecionou as disciplinas de química e ciências. De Salvador, onde terminou o científico e se formou em Farmácia. De Boa Vista, onde trabalhou como farmacêutico e exerceu intensa atividade política. Do Rio de Janeiro, onde se especializou. De Oeiras, para onde veio morar no final da década de sessenta e onde estabeleceu farmácia e lecionou a disciplina de química no curso científico.
São muitos os amigos. Todos especiais. São os amigos dos filhos, que invariavelmente se tornam amigos dele. São os antigos alunos do curso científico aqui em Oeiras. São os correligionários do passado e as pessoas com as quais se relaciona diariamente: feirantes, alfaiates, pedreiros, barbeiros, motoristas, policiais, médicos, advogados. É tanta gente...
Mas há uma categoria de amigos pela qual Dr. Darcy nutre um sentimento comparado ao dispensado aos filhos. São os antigos funcionários da Farmácia Santa Teresinha.
Dr. Darcy era cuidadoso na seleção dos funcionários e rigoroso na garantia dos direitos trabalhistas e previdenciários, num tempo em que carteira assinada era idéia remota para a grande maioria dos trabalhadores brasileiros. Num gesto pioneiro, promovia inclusão social, num tempo em que essa expressão ainda nem havia sido concebida. Escolhia, preferencialmente, os mais humildes, geralmente alunos seus oriundos do interior do município e que não tinham condições de permanecer morando aqui em Oeiras. Dr. Darcy sabia quanto custava estudar fora. Também acolhia portadores de necessidades especiais, quando nem se imaginava que um dia essa medida se tornaria obrigação legal. Ele é quase cego desde nascença e sempre experimentou as dificuldades de quem sofre restrições físicas.
Esses antigos funcionários são motivo de orgulho para Dr. Darcy. O emprego para eles, orientava o farmacêutico benfeitor, deveria ser encarado apenas como uma passagem, uma espécie de preparação para vôos mais altos, para projeções mais ambiciosas. E eles seguiram as lições daquele magnífico professor, que atraía para suas aulas alunos de outras turmas e séries e foi impedido de lecionar pela gravidade da miopia congênita e genética, a mesma doença que o afastara do Ministério da Saúde e o trouxe de volta ao Piauí.
Esses antigos funcionários da farmácia mantida por Dr. Darcy por mais de 30 anos são hoje, homens e mulheres, cidadãos e cidadãs bem sucedido profissionalmente. Entre eles encontram-se exemplos de empresário bem situado, advogado requisitado, executivo de banco respeitável, médico consagrado, servidor público graduado, artista plástico reconhecido. Com todos eles, Dr. Darcy mantém laços de profunda amizade e respeito.
Dr. Darcy não apenas orientava os funcionários da Farmácia. Ele os preparava e acompanhava os passos deles mesmo muito tempo depois de terem partido em busca de outros horizontes. Dois exemplos merecem destaque. Um é o de Francisco Sobrinho, aluno seu e oriundo de uma pequena cidade próxima a Oeiras. O atento farmacêutico o incentivou a fazer o concurso para o Banco do Nordeste, comprou para ele as apostilas e ainda conseguiu que sua inscrição fosse realizada mesmo depois da agência de Floriano ter fechado as portas e encerrado o prazo. Dr. Darcy tinha muitos amigos no Banco do Nordeste. Outro é o de Nelson Coelho, para quem Dr. Darcy arrumou emprego em grande distribuidora de remédios e hoje é um empresário muito bem sucedido no ramo de vidros. Nelson é dos ex-funcionários da Farmácia Santa Teresinha o mais presente na família de Dr. Darcy Mendes de Carvalho.
Além da bondade, outro traço no caráter de Dr. Darcy que merece ser realçado é sua formidável capacidade de sorrir e de alegrar as pessoas. Ele é bonachão e brinca com todos, mas é incapaz de ofender alguém. Seus gracejos são sempre elogiosos e elegantes, especialmente quando o alvo da brincadeira é uma mulher bonita. E foi por uma belíssima, culta e sofisticada mulher que, conta ele, se apaixonou perdidamente e deixou a vida boêmia que levava para constituir família e, dizemos nós, iniciar a saga vitoriosa que culmina hoje na deferência da Medalha do Mérito Renascença pelo Governo do Estado do Piauí.
(Perfil Biográfico feito por ocasião do Recebimento da Medalha do Mérito Renascença do Piauí)
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POR JÔNATAS VALENTIM