
Felicidade!

*Â Por Oliveira Sinimbu
Sou filho de uma famÃlia agropecuarista, modesta, trabalhadora, humilde e honesta, qualidades que tive o privilégio de herdá-las.
Nasci com o dom de ser feliz.
Aos 08 anos de idade fui trabalhar no sÃtio e na roça, era vaqueiro na mata e nas pistas de morão; fui caçador e pescador.
Aos 15 anos fui estudar no grupo.
A professora ensinava 04 matérias: Português, Matemática, Geografia e Redação; e fazia apresentações dramáticas para desinibir os alunos. Eu era o Cômico. Nos domingos e feriados jogávamos bola.
Minha professora era casada com um telegrafista que me ensinou telegrafia; aos 17 anos fiz concurso e fui aprovado no 17º lugar e logo nomeado para trabalhar em Amarante.
Ao completar 18 anos apresentei-me voluntariamente no tempo da 2ª Guerra Mundial para servir o Exército brasileiro, trabalhando na comunicação, fazia tudo que os soldados faziam para aprender a defender-me e atacar.
Jogava bola, ganhei até troféu, também tive 02 promessas de ExÃlio na Ilha de Fernando de Noronha, porque namorava uma professora inglesa. Era a maior punição naquele tempo.
Em 1945 quando terminou a Guerra voltei a trabalhar como telegrafista em Amarante e em diversas cidades; ao aposentar o Diretor Regional deu-me 02 promoções por merecimento.
De 10 anos até aos 32 quando casei-me era forrozeiro doentio.
O único vÃcio que aprendi, foi o de admirar e gostar exageradamente do belo sexo feminino, até sem muita exigência.
Tive várias doenças: labirintite, 04 cânceres, 03 infartos, pedra nos rins, operei 04 vezes de catarata, 02 viradas de carro e um choque elétrico de uma faÃsca, onde na roça fazendo ração para os animais, a manivela saiu do motor, bateu na minha boca, quebrou 06 dentes e abalou os outros. Cai, sangrei muito e estava sozinho. Confesso que foi a pior operação que já fiz porque não fui anestesiado.
Não me lembro se já chorei ou fiquei triste.
Não estou deixando nenhum problema ou desafio sem solução.
Sou conhecido e diferenciado carinhosamente por 80% dos oeirenses como o homem da felicidade.
Em casa, na rua, nos clubes, nos forrós, nos leitos de hospitais, sozinho ou no meio da multidão, em todas as passagens de minha vida, nunca fiquei só, sempre senti a presença da minha felicidade.
O pouco que aprendi foi com os meus pais, 02 anos de grupo e com a vida.
Concluindo, fugindo a modéstia e exagerando o orgulho, no dia final de minha existência terrena, o atestado da causa da minha morte será uma forte explosão de felicidade e paixão.
Manoel Oliveira Sinimbu (Oeiras-PI