
Reunião em Teresina discute retomada do Festival de Cultura de Oeiras
08/05/2025 - 12:28Encontro fortalece articulação para retomada deste tradicional Festival na cidade.
O frio, um dos principais ingredientes do Festival de Inverno de Pedro II, não compareceu este ano, mas nem por isso o evento perdeu o seu charme. Para quem já conhecia, ficou confirmado que o evento veio para ficar e quem não conhecia deixou na cidade o compromisso de voltar. De acordo com estimativas da Polícia Militar a cidade serrana do Piauí recebeu nesta 6ª edição do Festival mais de 20 mil pessoas.
Na programação, que aconteceu de 11 a 14, nomes consagrados da música brasileira como João Bosco e Ivan Lins e nomes novos, como a banda cearense Groovytown e a mineira Marina de La Riva, exemplos de que a boa música ainda vive. Na abertura do Festival os cearenses deram conta do recado, e imprevistos á parte, o swing cearense sacudiu o público, que embora não entendesse bem o porquê de toda aquela cabeleira dos componentes da banda, remexeu ao som da mistura de ritmos negros que os garotos do Ceará fazem bem. "Não fez falta", o comentário entre a platéia era unânime, com todo respeito à Zizi Possi, que teve show cancelado.
Com o que o Ceará manda freqüentemente para o Piauí, o estilo do Groovytown nada tem em comum, e nem por isso os piauienses deixaram de aproveitar o embalo da primeira noite do festival. O vocalista da banda, Lucas Pantera, franzino e com sua aparência nerd, deixou todos boquiabertos com seu vozeirão. A vitalidade de André Rocha, que manda ver em todos os instrumentos, do baixo a percussão também é marcante no palco.
João Bosco abriu a noite no segundo dia de Festival. Como um cantor das noites piauienses, aqueles que estamos acostumados a encontrar nos bares e bater aquele papo, João ficou no palco durante toda a passagem de som, mostrou que humildade e simplicidade fazem parte do repertório de um grande músico.
Aqueles que acompanharam ao show, podem não ter se dado conta, mas leram um bom livro. Aquela leitura que começa fria e vai crescendo aos poucos. Músicas conhecidas, pouco conhecidas, desconhecidas da maioria e então um clímax, quando ele interpretou Jade. Aí mais um capítulo empolgante e então quando se pensa que o cantor deixou o palco ele volta e fecha a noite "brincando de papel marchê".
A grande surpresa do terceiro dia de Festival ficou mesmo por conta da performance de Marina de La Riva, a mineirinha, magrinha e com carinha de boneca de porcelana encantou a todos com sua latinidade pulsante e fez a platéia delirar com o arranjo maravilhoso feito por ela e Davi Moraes para o baião, Adeus Maria Fulô, de Humberto Teixeira e Sivuca.
Marina misturou um pouco da percussão cubana com a sanfona brasileira e não podia dar outra, música de arrepiar. Para quem conhece, ficou na vontade de ouvir a versão premiada e emocionante que a novata fez para a consagrada "Sonho Meu", imortalizada na voz de dona Ivone Lara. Fora do palco ela me revelou que pretendia cantar a música, "mas tinha que sair do palco para o Ivan Lins entrar", explicou. E foi justamente esta simplicidade que conquistou o público. Marinha deixou o palco pedindo para voltar.
Depois do fôlego da surpresa, metade brasileira metade cubana, começa, recuperados os casais que esperavam comemorar o Dia dos Namorados com um show de Zizi Possi, se deleitaram com "basta um beijo seu e eu, Ai, ai, ai, ai, ai, pudera você é o grande amor da minha vida" do maestro Ivan Lins. Como todo artista politicamente correto ele não deixou o palco antes de dar o seu recado e agradecer a organização do Festival e pedir que a iniciativa seja mantida. A tradicional despedida de mentirinha e a platéia clama chamando a "Madalena". Ivan Lins retorna e atende ao pedido do público.
Katya D'Angelles - Diário do Povo