Pedro II
Mãe assume que matou Izadora Mourão sozinha: 'A primeira foi no pescoço'
Segundo o depoimento da mãe, Izadora estava dormindo na cama do irmão, quando ela decidiu tirar a vida da própria filha a sangue frio.
Por: Da Redação em 16/03/2022 - 17:56
Maria Nerci dos Santos Mourão, acusada de participação na morte da filha, a advogada Izadora Mourão, ocorrida no dia 13 de fevereiro de 2021, confessou a autoria do assassinato na tarde desta quarta-feira (16), durante seu depoimento no julgamento do crime, realizado através da 2ª Vara da Comarca da cidade de Pedro II. Em sua fala, a mãe descartou a participação do irmão da vítima, João Paulo Santos Mourão, que também está sendo julgado e diz que matou a filha sozinha.
A mãe relatou como o assassinato ocorreu, com uma série de detalhes. Segundo ela, a família vinha com diversos problemas a partir da advogada após sua separação, onde era bastante afetada. No depoimento, ela disse que no dia do crime, Izadora estava dormindo na cama do irmão, quando decidiu tirar a vida da própria filha a sangue-frio. Depois do crime, ela confessou que encobertou toda a situação.
Maria Nerci detalhou que primeiro golpe que deu foi no pescoço, na 'veia matadora', enquanto a filha estava na cama. Na sequência, a advogada reagiu, pegou em seu braço e a mãe continuou a esfaqueá-la até a morte.
Depoimento
"Ele (João Paulo) foi para meu quarto, encostou a porta e ficou lá. Eu me lembrei assim, que como ela disse que vai me matar e vai judiar com todo mundo aqui, eu vou saber se ela está se mexendo ou dormiu. Ela tava dormindo em um sono pesado mesmo, com o lado do coração para cima. Eu tinha levado a faca disse que é hoje ou é nunca. Eu peguei e dei primeiro golpe e foi muito forte, acertei na veia que mata mesmo. Ela pegou no meu braço esquerdo e se virou; ela queria se levantar para pegar a faca. Ela pegou no meu braço, se sustentou e eu dei um golpe muito forte, saiu bastante sangue eu fiquei golpeando porque, ela vai tomar essa faca e vai matar todo mundo ela ficou la emborcada. Confesso. Tudo o que tinha de força eu botei para dar certo. Eu dei várias, com medo dela se levantar e tomar a faca. Dei mais e mais e enquanto eu podia eu dei, mas a primeira foi a que matou, porque saiu bastante sangue", explicou.
Durante seu relato, Maria Nerci dos Santos Mourão destacou que tomou a atitude em sua defesa, diante a maneira como a filha vinha lhe tratando e sua família. "Sei que é errado, mas diz que quem mata em sua livre defesa não é pecado, ela tava muito má comigo, demais. Não quero nenhuma mãe do mundo passe o que passei na minha vida. Eu não tava mais suportando, ia ter que sair daquela casa, não sabia o que fazer. Já tinha pessoa que já sabia o que eu tava passando. Tem muita gente me julgando muito mal, eu não sou ruim não", disse.
Arma do crime
Quanto à arma do crime, Maria Nerci afirma que se tratou de uma faca branca. Entretanto, uma faca marrom também foi encontrada pela polícia. Ela afirma que essa faca foi lavada por ela mesma e levada à casa da sua faxineira em uma sacola para confundir à polícia. "Eu tava muito confusa e mandei pra casa da Auzenira e pedi pra ela guardar. Depois eu pedi pro Joao Paulo ir pegar, ele pegou, mas acabou entregando para a polícia. A faca branca nao me lembro se foi lavada, fica muito confuso quando a gente faz um negócio desse", diz.
Durante o julgamento, o advogado questiona o motivo de Maria Nerci relatar que ligou primeiro para Auzenira após o crime e não chamar o filho que estava na casa. "Foi para ela me ajudar, para ela ver a situação, para ter uma testemunha. Não chamei o João paulo porque ele tava dormindo", afirma. Ela afirma que o crime foi por volta das 7h:30, mas que a ligação foi por volta das 9h:30. "Não me lembro nem o que tava fazendo, não sei se fui fazer o suco ou botar um remédio para o marido", diz a mãe de Izadora sobre o tempo entre o crime e a ligação.
Relações familiares
Quanto às relações dentro da família, ela afirma que o pai de Izadora se dava bem com todos os filhos e que nenhum deles tinha filho preferido. Além disso, afirma que nunca houve problemas em relação a dinheiro ou herança, apenas em um momento envolvendo a venda do carro do pai de Izadora, já falecido. "Nunca houve problema com sítio, com carro, a gente não fazia questão com herança. Quando ele já tava perto de morrer, ele perguntou se eu vendia a D20 dele, eu falei pra um amigo meu e ele levou um senhor pra comprar. Aí ela fez o maior escandalo dizendo que não era pra vender. Ninguém nunca andou fazendo medo a ela não. Essa história de medo tá errada, nós nunca fizemos medo a ela", afirma.
"Os problemas foram piorando depois que ela separou. Ela gostava de gastar muito e não tinha renda fixa, tinha três diplomas, mas não fazia concurso. Tudo que eu fazia só gastava com ela, ela tinha uma natureza ruim, fiz de tudo por ela, comprei um carro para ela ir para a universidade, tudo que eu podia fazer eu fazia*, afirma.
Questionada quanto a um plano funerário da família, a mãe afirma que o plano foi contratado devido à pandemia da Covid-19, nada relacionado à intenção de matar Izadora. "Na época da pandemia, poderia morrer qualquer um de nós então eu paguei um ano do plano funerário, eu não tinha dinheiro mas paguei. Mas não foi pensando na morte da Izadora, poderia ser eu ou qualquer um dos outros", afirma.
O julgamento iniciou às 7 horas da manhã e já ouviu o esposo de Izadora, o delegado Danúbio Dias, além de outras pessoas.
O crime
A advogada foi morta na residência onde morava em Pedro II na manhã de sábado, 13 de fevereiro. Em um primeiro momento, a mãe e o irmão de Izadora afirmaram para a investigação que uma mulher, que seria uma vendedora de roupas, teria chegado no local e pedido para conversar com a advogada, em seguida saiu do local e os familiares encontraram a vítima caída no chão já sem vida.
A versão apresentada pelos suspeitos foi contraditória e não convenceu a investigação. Dois dias depois do crime, o jornalista e bacharel em direito João Paulo foi preso acusado de matar a irmã. Sua mãe foi presa em seguida como cúmplice do crime.
Fonte: Meio Norte