
Mensagem final da famÃlia Viana na Festa do Divino

"O Espírito Santo de Deus age onde quer, mas quando ele age tudo é paz".
Por seu intermédio, depois de 60 anos, a secular imagem do Divino atravessou a vetusta Ponte Grande e fez da casa dos Viana o seu santuário. O sopro sublime do Espírito Santo nos incumbiu, sobretudo, de semear fraternidade e promover a paz.
O Espírito Santo contemplou com essa graça a família da ex-lavadeira do riacho Mocha, Mundica Viana, inconteste devota do Divino. Quanta honra e quanta sabedoria! Logo ela que por ironia do destino fizera edificar sua morada as margens daquele que um dia serviu de seu sustento! Como diz a canção "dias de luta, dias de gloria”.
Fizemos morada do Espírito Santo por meio do nome de tia Sândala Viana, Mulher humilde que traz em sua história o desafio de vencer na vida diante tantos barreiras. Em sua companhia levando a imagem do Divino aos mais humildes de nossa terra, ficou a desprendida mensagem "Só quem ama tem disposição de ir além da superfície".
Foram dez anos de espera, mas soubemos ter paciência, pois "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu" (Eclesiastes 3:1). Abrimos nossa morada em solene saudação sem distinção a todos os fieis do Paráclito, e tornamos nossa casa mais santa. Muitas foram às orações, as preces e louvores. Nesses 358 dias nossa casa foi mais do nosso ilustre hospede do que nossa. Passamos a falar mais baixo, rir de maneira contida e compartilhar nossas agruras em baixo tom. Uma atmosfera mágica pairou em nossa casa!
Demos ao santuário um tom familiar, o cheiro da comida, do café e das delicias de vó Mundica, que tantas vezes inquietou os devotos e assim, muitos deles degustaram, prosearam conosco e dessa forma nos fizeram amigos. O Espírito Santo nos oportunizou novas amizades!
Ao fazermos essa festa tomamos como referência as mensagens do Papa Francisco que certa vez disse: "São essenciais, na vida cristã, a oração, a humildade, a caridade para com todos: este é o caminho para a santidade". Tivemos nesse tempo de vivência com o Divino que romper com robustos grilhões, mas sem perder nossa alegria, pois como diz o bordão do professor Pancrácio, personagem criado pelo escritor Walcyr Carrasco "Tudo que acontece de ruim na vida da gente é para melhorar!". Muitas vezes tivemos que silenciar, pois "a palavra é prata e o silêncio é ouro", outras vezes tivemos que nos impor, afinal não podemos confundir humildade com apatia, superar desafios é uma das características da família Viana.
Em nossa proposta de semear fraternidade, não nos esquivamos às falácias, ao achismo, fomos sem medo ao encontro de nossos irmãos, junto louvamos ao Espírito Santo ao bom gosto do povo nordestino. Ficará para sempre em nossa memória a recepção fervorosa da vila cajueiro, tudo tão humilde, tudo tão verdadeiro! Ficará ainda na nossa mente a alegria de Dona Socorro Lagoa, parecia não acreditar na visita tão ilustres, ela é símbolo da nossa religiosidade sertaneja. A cada visita um misto de sentimentos. Ele é luz da humanidade, por isso não existe Divino de rico, ou Divino de pobre, ele é do povo de Deus.
Fizemos uma festa ombreada aos nossos amigos, como dizia o musico Raul Seixas "Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade". Amigos que compartilharam conosco a nossa ousadia de fazer da imagem do Espírito Santo um pássaro livre, amigos que artisticamente criaram e nos deu a oportunidade de fazermos umas das mais belas festas que Oeiras já teve. Nossa festa é oeirensidade pura, desde a arte a devoção!
Por mais que a Festa do Divino seja secularmente tradicional, cada festa carrega a essência da família que a organiza, isso tem que ser respeitado, isso é tradição! Fizemos uma festa com a cara do povo! Uma festa do povo, da humildade, da alegria, do carisma, da coragem, da entrega e da partilha. A imagem do Divino, nunca foi tão tocada, e sua presença nunca tocou tanto espiritualmente os oeirenses. Ao sairmos em missão fraternal, podemos constatar que as periferias precisam de oração, de evangelização, precisam de nós! Precisamos ser igreja em saída e acendermos a chama do Espírito Santo naqueles que vivem nas trevas do egoísmo, da maldade e do rancor.
Este ano optamos por um cortejo mais simples, não poderíamos fazer uma festa pomposa, estaríamos sendo incoerentes e faltando com a nossa verdade, pois ele sabe muito bem quem somos nós e as nossas reais condição. A nossa festa para o Espírito Santo é feita de coração e para os corações abrasados de amor. Nossa festa não foi feita para os olhos, visto que o “essencial é invisível aos olhos”
No nosso cortejo consta de sete casais que celebram e comungam conosco os Dons do Espírito Santo. Eles representam nossos amigos e as famílias do mundo inteiro, pois a família é o solo mais fértil para semear fraternidade, é na família onde se promove a paz! Temos que semear mais, prover mais, O mundo clama por isso!
Nossa casa jamais será a mesma, nossas vidas também não, pois estamos abrasados com os Dons do Espírito Santo. Nossa família há muitos anos tem uma intima relação com o paraclito, ele já vive em nossa casa, por isso nossa morada será eternamente a "Casa do Divino".
"No estandarte vai escrito, que ele voltará de novo e o Rei será bendito, ele nasce é do povo"
A família Viana só tem agradecer por cada momento vivido nos últimos tempos, na certeza que o Divino repousa entre nós!
Júnior Vianna - professor e devoto do Divino Espírito Santo