
Em entrevista, Emanuel Vital fala sobre o Dia da Consciência Negra e o legado de ‘’Negras e Negros do Rosário’’
19/11/2024 - 19:48Emanuel Vital é professor, jornalista, ambientalista e negro do Rosário.
Visando proporcionar aos oeirenses um maior conhecimento daqueles que concorrem ao cargo de Conselheiro Tutelar, o Mural da Vila fará uma série de entrevistas com todos os candidatos.
As eleições para a composição do Conselho Tutelar de Oeiras acontece no dia 06 de outubro. O processo de escolha ocorrerá mediante voto direto, de forma facultativa e secreto dos eleitores do município. Poderão participar da escolha as pessoas maiores de 16 (dezesseis) anos que possuam título de eleitor inscrito em sua respectiva região administrativa.
Na série de entrevistas, as perguntas serão exatamente as mesmas para todos os candidatos, primando pelo princípio da isonomia.
Conheça a candidata Conceição Dias. Confira!
1- Gostaríamos que você fizesse a sua apresentação, contando um pouco da sua história e formação.
Para início de conversa quero agradecer ao meu Deus pela oportunidade de disputar essas eleições. Meu nome é Maria da Conceição N. Dias de Sousa, sou uma mulher bem simples, filha de agricultores humildes e muito batalhadores. Casei-me muito cedo, aos 16 anos de idade (logo vieram os filhos), assim, o papel de esposa e mãe me tiraram algumas oportunidades de avançar naquilo que mais gostava de fazer: estudar. Recém-casada fui morar em São Paulo e depois de algum tempo lá surgiu a necessidade de procurar emprego para ajudar a família, então, arrumei uma creche para colocar minha filha e em pouco tempo fui convidada pela proprietária dessa escolinha a fazer um teste cuidando de uma turminha do berçário durante um mês. A experiência de trabalhar com crianças foi tão maravilhosa que aquilo que seria trinta dias se transformou em um ano e seis meses. Aqueles pequeninos me ensinaram a amar mais o próximo, respeitar a todos independentemente de idade e, principalmente a ser uma mãe melhor. De volta ao Piauí, adotei como novo projeto de vida a continuidade dos estudos, e logo, tive a oportunidade de ganhar uma bolsa para o curso de Bacharel em Administração no IFPI/Campus Oeiras. Hoje sou graduanda do sexto período e me dedico em dividir o tempo entre a família, o curso e alguns projetos pessoais.
2-Porque decidiu disputar uma vaga no Conselho Tutelar de Oeiras?
Na minha concepção, as crianças e adolescentes são seres frágeis que precisam de cuidados e atenção especial, principalmente por que é nesta fase da vida que se desenvolve o processo afetivo e cognitivo do ser humano. Eles tendem a reproduzir o comportamento dos adultos, assim, é um dever de todos nós nos preocuparmos em zelar por elas e praticar bons exemplos. Em Oeiras, assim como em outras sociedades, ainda há pessoas alienadas que não contribuem para fluência natural do processo de desenvolvimento infanto juvenil, atrapalhando uma fase importantíssima da vida humana chegando, em alguns casos mais violentos, a destruir a “boa semente” plantada em nossos pequenos. Há casos revoltantes que me faz refletir e ao mesmo tempo me motivam a buscar uma vaga no Conselho Tutelar, pois acredito que posso contribuir enormemente para essa sociedade no que concerne a orientação às famílias, no combate aos abusos e atentados contra as crianças e adolescentes oeirenses.
3-Qual é a sua proposta central para caso seja eleito (a)?
Me preocupa bastante o quantitativo absurdo de casos de crianças e adolescentes grávidas na cidade de Oeiras. Por experiência própria relato que é extremamente difícil tornar-se mãe tão cedo, e acredito que é ainda mais complicado quando essa gestação é fruto de violência sexual. Criança tem que ser respeitada! A adolescente deve ser orientada e respeitada!
Assim, caso eleita, além de desempenhar as atividades inerentes da função também me dedicarei a orientar e dar dicas de prevenção contra o abuso sexual de crianças e adolescentes em ambientes escolares e no seio familiar. Ainda voltado para o tema, tenho como perspectiva a busca de politicas públicas voltadas a prevenção e combate do abuso e da exploração sexual de crianças e adolescentes junto à Prefeitura e ao Poder Legislativo.
4-Como tem sido a divulgação e campanha para conseguir votos na comunidade oeirense?
Realizo as divulgações através de redes sociais e peço através do boca-a-boca o apoio da comunidade, amigos e vizinhos. Nessa etapa tenho encontrado muitos incentivadores que me apoiam e confiam na minha capacidade para fazer valer os direitos de nossas crianças e adolescentes.
5-Já fez parte de algum projeto voltado aos direitos da Criança e do Adolescente antes de concorrer ao pleito?
Não.
6-Em sua opinião, quais os maiores agravantes para o não cumprimento das leis do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e, quais medidas devem ser tomadas diante dos agravantes?
A cultura de cada região e a falta de conhecimento do Estatuto são os principais empecilhos para o não cumprimento das leis do ECA. Quando me refiro a cultura é pelo fato de muitos transgressões ao ECA, por exemplo, usar de tratamento violento como justificativa que é uma forma de educar a criança é um desrespeito ao Art. 18 do Estatuto que menciona o seguinte:
"É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor".
No entanto, há regiões que essa prática é bastante comum e chega a ser, até mesmo, repassada de uma geração para outra. Essa cultura enraizada deve ser rompida e a melhor maneira de se promover essa ruptura é o acesso à informação e a novos métodos mais humanos de educação e orientação de crianças e adolescentes.
Há situações que o desrespeito se dar pela falta de conhecimento do que está disposto no regimento, por exemplo, o Art. 53 Parágrafo único diz que "É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais". No entanto, a grande maioria dos pais nem sabem que podem participar dessa fase tão importante do processo educacional de seus filhos. E novamente o acesso à informação surge como uma solução.
7- Quais os mais graves problemas das crianças e adolescentes de Oeiras?
Os problemas mais graves da cidade que afetam diretamente às crianças é falta de políticas públicas voltadas para elas, principalmente no tangente a área da saúde, pois é difícil encontrar profissionais especializados (Médico Pediatra) ao atendimento desse público. Segundo o Art. 7º do ECA "A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência". Infelizmente Oeiras ainda peca nesse quesito.
Já os adolescentes enfrentam problemas como o envolvimento com as drogas, a prostituição e a gestação na adolescência.
O Conselheiro Tutelar com a sua função de cumprir e fazer cumprir o ECA é um agente de transformação da realidade de muitas crianças e adolescentes na sociedade. Assim, a esse profissional fica a missão de "assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente" como está exposto no Art. 136 IX do ECA.
8-Porque você é um (a) bom (boa) candidato(a) ao cargo de conselheiro (a) tutelar?
Me defino como uma pessoa responsável e comprometida com os meus objetivos, sou paciente, porém, sedenta por justiça. Acredito em minhas habilidades interpessoais para solucionar situações-problema e sei que posso atuar no órgão com o máximo de presteza e eficiência possível. O conselho tutelar precisa de agentes que tenham essas qualidades e, acima de tudo, vontade de transformar a vida e a realidade das crianças e adolescentes que se encontram em situação de vulnerabilidade social.