
Nem nove, nem novecentos, noventa

* Por Ferrer Freitas
Lamentavelmente não foi possível participar das comemorações do aniversário de 90 anos do caríssimo Miguel de Macedo Reis Prometi a Miguel Ângelo estar presente, mas não me dei conta de que no mesmo dia, 30 de setembro, transcorria o centenário de nascimento de meu sogro, Antônio Ribeiro Santana, com programação em que estariam presentes, como de fato estiveram, todos os filhos e filhas, genros e noras, além, naturalmente, de dona Teresinha, minha sogra, do alto de seus 85 anos.
. De qualquer modo, gostaria de prestar-lhe esta singela homenagem, ressaltando minha afeição que vem de tempos remotos, talvez do menino apaixonado por futebol que era, e ainda sou, já há muito um vascaíno "doente", neste caso por influência do meu tio Fernando, que morou no Rio de Janeiro nos anos cinqüenta. Lembro de Miguel jogando de cetroavante no "Comércio", com os irmãos Ângelo, que jogava demais, Alberto, mesmo gordo mas um craque perfeito, Ditim, grande e pesado ponta-direita, e, algumas vezes pela ponta esquerda, Amaudezim, com seus dribles desconcertantes (imaginem so!). Como se vê, era um time de irmãos, que se completava (dizia-se onzena) com Gerson Campos, grande goleiro, Geraldão de Natividade, já sem a batina de seminarista, mas bom zagueiro, sobretudo pela boa altura, Zé Wilson Maranhão, baixinho, mas um carrapato dos diabos, Zé Nunes (de Doca), que, permanecesse em Fortaleza e teria, indiscutivelmente, se tornado um craque extraordinário, além de outros coadjuvantes
O outro time era o "Artístico", organizado por Assis Portela e formado por "artistas", como se dizia de trabalhadores em diversas profissões: pedreiros, marceneiros, sapateiros etc., etc.. Neste, lembro que jogavam, além do já citado Assis (sempre com uma touca de croché), Levi Carmo, Bastim de Gerson, Doca Libério, Pedro Campos, B. Moreira e outros boas praças. Tardes mornas de domingo e nós todos no campo de terra que ficava nas proximidades do hospital, no hoje bairro Oeiras Nova.
Muitos anos passados, reencontro-me com Miguel no Rio de Janeiro, em momento difícil de sua vida, a busca de saúde para o filho Paulinho. Como não poderia deixar de ser fomos ao Maracanã na companhia de seu cunhado e compadre, o saudoso médico Orlando Ribeiro Gonçalves, falecido não faz muito tempo. A admiração de menino transformou-se numa sólida amizade e me levou a tratá-lo de compadre, de tanto ouvir Orlando chamá-lo compadre Miguel.
Tudo isso que lhes disse, lembrando aqui uma canção, outro fito não tem senão o de homenagear, além lamentar não ter podido estar presente na festa dos 90 anos de Miguel. Prometo, de já, estar presente no centenário.
* Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras