
O Bicho

Por Elimar Barros
Uma família viajando pelo interior de Pernambuco se depara com a recontrução da casa de taipa onde um dia esteve o Rei do Baião.
José e Maria encantados estavam, com a Casa de Reboco que tanto havia embalado, por anos a fio, suas danças enamoradas nas matinês em que dançaram outrora na companhia de ‘seu benzinho’.
__ José, você lembra? Essa deve ser a referência para a velha casa de reboco.
__ Sim, sim...
O neto do casal, muito curioso, foi logo olhar tudo que por ali estava. Como nascera na cidade grande, nunca tinha estado diante dessa paizagem. Adorou a explicação dos avós sobre as moradias típicas e, ‘atípicas’ do sertão.
Ele gostou, inclusive, porque pode presenciar o processo rudimentar de sua construção – taipa de mão. Sentiu vontade de andar de moto em frente àquela construção de pau a pique. Ah! Como gostava de moto! Não entendeu muito o que aquela fazia ali, no interior do interior e nada tento que ver com a narrativa que seus avós ora enredavam.
Mas queria andar, “é tão difícil andar de moto lá onde moro”. Tinha uma ali, na sua frente paradinha, esperando “o homem da roça” terminar seu labor.
Cansado de apenas olhar, o neto se aproximou de algo que há tempo lhe chamava a atenção. Tocou nos pneus e nada de estranho, mecheu na madeira da carroça e nada. Ao lado uma bicicleta também lhe era familiar.
Mas aquele bicho..., não aguentou, mecheu no rabo do bicho e...
___ Hiin in in in in
Coices, bicho correndo, carroça desmontando e menino gritando:
___ Socorro! Socorro! Estamos vivendo “Uma Manhã no Museu”!
O coitado pensava que o bicho era parte da paisagem. E o pior é que os avós não sabiam como ajudá-lo.
___ O que esse menino tem? __Que diabos é "uma manhã no museu"?
* Elimar Barros é professora de Língua Portuguesa