
O professor é um administrador de tempo

*Sonália Moura
Em conversa com um colega professor ele disse que nas suas férias ao invés de ir para o litoral, descansar, iria mesmo colocar em dias atividades simples que o dia-a-dia de um mundo corrido e competitivo não permite.
Afirmou que sua atividade como professor não estava permitindo que ele lesse ou assistisse a um jornal, ficando um pouco fora da realidade que o cercava; pois trabalhava noite dia sem tempo para cuidar da sua própria construção cultural. Esse simples comentário trouxe um leque de reflexões!
Que contraste, mas é isso mesmo que ocorre com os investimentos no salário atual não resta outra opção a não ser se dividir em quanto pudermos para ter um mínimo de “conforto” Não quero aqui citar um determinado estado, pois essa problemática abrange o Brasil como um todo.
Infelizmente a realidade para o professor atualmente é que ele enfrenta uma jornada diária em sala de aula tendo que trabalhar em três turnos. Por outro lado nunca se falou tanto em valorização dos profissionais da educação, gestão democrática da escola projetos e planos para a escola.
Parece até clichê se falar nesse assunto, mas, não discutir não é característica de formadores de opinião como nossa classe!
Façamos uma pergunta direta ao professor?Você tem tempo para dedicar-se a uma especialização? Como você administra seu tempo? Ai nós teremos a constatação de milagres. Esses “heróis anônimos” com licença da expressão usada por Roberto Shinyashiki.
O que fazer, mudar de profissão? Pergunte a um professor convicto se ele desejaria trabalhar em outra área. Com o perdão da resposta, mas em nome da nossa classe eu ousaria comentar. Há pessoas que estão professores, estas são aquelas que estão na profissão por terem que está e há os que são professores (educadores), esses querem e acreditam que possam ser instrumentos de transformação de uma sociedade mais esclarecida.
E enquanto as políticas salariais não dão uma resposta, vamos administrando nosso tempo, cambaleando na vida, ensinando e aprendendo, para preencher o tempo que nos falta. Porque o que não nos falta é amor para exercer essa amarga e doce carreira...
* Sonália Moura é professora de Língua Portuguesa