
Opinião: Esqueçam o meu silêncio!

Por Jota Jota Sousa
Recentemente postei em minha página no facebook o comunicado abaixo:
“NÃO MAIS ESCREVEREI NEM POSTAREI ASSUNTOS SOBRE A POLÍTICA LOCAL.” Vejam:
“Comunico aos amigos que tomei a seguinte decisão: A partir desta data me reservarei ao direito de não mais postar assuntos sobre a política local, embora eu continue um apaixonado pelo tema e ciente de que este importante braço da sociologia se praticada com decência, benevolência e coerência possa fazer as verdadeiras transformações que a sociedade persegue. Continuo com as mesmas convicções, mas após reflexões resolvi tomar esta decisão. Espero a compreensão de todos.”
Hoje volto a escrever:
O silencio diante do abuso instaurado em minha cidade estava a me doer bem mais. Sexta feira mesmo, 29 de agosto de 2014, acordei com os estampidos dos foguetes em mais um desperdício de nosso dinheiro. Nosso sim senhor! De onde você pensa que sai o dinheiro que os perdulários do poder queimam diariamente nos ares oeirense?
É muito difícil silenciar diante da insensibilidade dos que estão no poder. Não é fácil virar a cabeça e fingir que não estou vendo. É dolorido tapar os ouvidos e fazer de conta que não escuto o grito de socorro de muitos.
Sexta feira, os rojões ecoaram nas entranhas da mãe Oeiras. Ontem foi a mesma coisa. De certo, hoje também será assim. Mas, saibam todos que sexta feira, no mesmo momento em que eclodiam os artefatos, não muito distante dali, lá no Conjunto Verde Teto o corpo de um jovem pai jazia sem vida. Foi mais um que não aguentando o peso da vida, o peso da incerteza no amanhã, a falta de tudo, o mau-caratismo e a falta de escrúpulos dos doutores, o saque desenfreado ao erário, perdeu a razão e viu como única saída uma corda no pescoço. Comentarão maquinalmente: "O índice de suicídio em Oeiras é alto!" E cruzarão seus braços. Cruzaremos nossos braços a espera de um milagre.
Que importa? Amanhã terá mais foguetes. Conforta-me um pouco o que diz a canção: “Só sei que enquanto houver os corações nem mesmo mil ladrões podem roubar canções.” E uma nova canção há de ecoar pelos ares oeirense. De boca a boca, de coração a coração, de jovem para jovem que cantarolando por aí a espalhará por todos os cantos e recanto deste chão. E esta canção, há de silenciar o barulho ensurdecedor daqueles que insistem em transformar mensagens da esperança em espirais de fumaça.