Opinião: Panis et circenses: Jornalismo provinciano

* Por Lameck Valentim

"Ah, jornalistas... Quando a calma reina na sociedade, são acusados das piores conivências com suas fontes. Quando uma crise explode, transformam-se em perseguidores de seus informantes...". (Yves Mamou)


Infelizmente, algumas pessoas não possuem o discernimento para compreender o papel da imprensa. Pensam que é só ter uma história na rua, que já temos a obrigação de publicar, sem ao menos verificar tais informações. É muito comum em Oeiras pessoas que se julgam influentes ligarem para os jornalistas e editores de portais, exigindo-lhes que retirem matérias que não lhes são favoráveis, pois tais matérias “lhes queimam”. As pessoas só valorizam o trabalho da imprensa quando este lhe é favorável. Quando algo não lhes favorece, erguem logo a voz dizendo que tal site não presta, proferindo vários impropérios.

Quando alguém de seu círculo familiar ou de amizade comete algum “deslize” e é noticiado, nos procuram na tentativa de que não divulguemos. Quando é outra pessoa, exigem nome, fotos, querem que a pessoa seja exposta, e ainda criticam quando não possuímos esses detalhes. Para estes, o que importa é a exposição, pois com estes não têm a menor relação, o menor contato. O que importa é fazer festa com a dor alheia.

Falar de política, então... O de oposição aponta que a imprensa local não publica nada dele porque é vendida. Mas quando estava na situação, era um dos primeiros a ligar, pedindo para excluir o material de outros políticos e até do mesmo lado dele. O da situação, diz que somos perseguidores, somos comprados por seus adversários. Em Oeiras temos políticos e gestores muito melindrosos. Só querem vê flores cercando seus nomes, mas não sabem receber crítica. Se criticados, logo o jornalista não presta, é de oposição ou vendido.

A imprensa é uma extensão da sociedade e a informação mal explorada pode causar prejuízos. Informar com responsabilidade é o caminho para evitar muitos problemas. Isto é, informar sem privilégios e com imparcialidade.


* Lameck Valentim é editor responsável do Mural da Vila