
Opinião: Um sessentão boa praça

(*) Por Ferrer Freitas
Gostava de repetir um estimado amigo dos tempos de Rio que só não envelhece quem é alcançado, ainda moço, pela “indesejada das gentes” de que fala o poeta Bandeira em Consoada. Nunca esqueço dele recitando alguns versos: “Quando a indesejada das gentes chegar (Não sei se dura ou caroável) talvez eu tenha medo. Talvez sorria, ou diga: Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer. (...) A noite com seus sortilégios (...) Com cada coisa em seu lugar.”
Pois bem. Neste dia 26 de agosto de 1954, há 60 anos, veio ao mundo em Oeiras um ser humano de excelsas virtudes cujo nome só direi ao final desta louvação. Antes me permito registrar que dois dias antes, 24, o então Presidente da República desta nossa “Pátria Amada”, o gaúcho de São Borja, Getúlio Vargas, viu-se de tal modo acuado no Catete que disparou no peito, de pijama, pois que madrugada ainda (dizem que 5 horas) um tiro. Foi a saída encontrada por GG, como era amplamente conhecido, para evitar sua deposição, tramada e urdida pela UDN, à frente o temível deputado Carlos Lacerda, tribuno de oratória inigualável. Como a corrente elétrica da já velha usina a lenha da Cônego João era desligada à meia-noite, só pela manhã a cidade tomou conhecimento da tragédia por algum noticiário de rádio à bateria, acredito que o pertencente ao então Juiz de Direito da Comarca, Dr. Pedro Amador Martins de Sá. O certo é que as aulas nos grupos escolares Costa Alvarenga e Armando Burlamaqui, bem assim no GMO (Ginásio Municipal Oeirense) foram suspensas, isso por volta de 9 horas da manhã.
Esse foi o fato nacional marcante ocorrido dois dias antes do nascimento do nosso homenageado, 60 anos passados. E fico somente nele pois que preciso ocupar-me dele, oeirense amigo de todos . Talvez valha a pena dizer que o médico que o “pegou” foi o caríssimo dr. Expedito Rêgo, oeirense de inesquecível memória, em parto ocorrido na casa de seu avô materno, tio (assim fui ensinado a tratá-lo desde a mais tenra idade) Joel Campos que registrou o neto, colocando a preposição “e” antes do último sobrenome . E nem precisou consultar ninguém já que era o titular do cartório. Depois veio todo seu tempo de rua da Feira e adjacências, de peladas, gangorras e estripulias tão ao gosto de todo menino. Crescido, o destino para continuar os estudos foi Fortaleza onde graduou-se no que à época chamava-se Farmácia, retornando à velha terra para exercer o mister. E o faz, diga-se de passagem, da forma mais digna possível, recebendo a todos no seu estabelecimento da Zacarias de Góis de forma afável e gestos largos.
A esta altura, quem até aqui chegou na leitura desta crônica, com certeza já sabe que o oeirense homenageado é o caro Paulo Jorge Campos e Reis, marido de Nayra e pai de Nayro, Ana Maria e Antônio de Pádua. Figura afável, oeirense de quatro costados e devoto ardentíssimo de Bom Jesus dos Passos. Que continue assim!
(*) Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras