
Professor cobra urgência na resolução dos problemas ambientais em Oeiras

* Por Emanuel Vital
O dia cinco de junho pode não significar muita coisa, ou nada, para a grande maioria da população mundial. Mas nesse dia, há muito tempo, é celebrado o dia mundial do meio ambiente. Em Oeiras, é que a coisa é meio diferente, passa ano e sai ano e ninguém vê uma ação se quer, por parte do poder público, população ou entidades para que pelo menos se discuta as questões ambientais locais que já são muitas, já que as práticas de preservação não existem.
Ainda bem que este ano mais uma vez a luz do fim do túnel fez reluzir as esperanças daqueles que querem o bem de Oeiras. Assim, o Cemti Pedro Sá com a realização da IV Conferencia Sobre o Meio Ambiente se torna neste momento o palco do maior debate ambiental da cidade.
Trazer uma sessão ordinária da Câmara Municipal de Oeiras para dentro de uma instituição de ensino consagrada em todo o estado do Piauí é um desafio mais acima de tudo, a certeza de que os que aqui trabalham estão compromissados com o que de melhor pode se oferecer a um cidadão que é a educação.
Debater com os estudantes do Cemti Pedro Sá a temática ambiental oeirense é relembrar um lindo momento vivido em Oeiras no ano de 2007. Neste ano, foi discutida a problemática ambiental no grande projeto que levou Oeiras a ser a única cidade do Piauí há ter um ano inteiro de debates sobre o Meio Ambiente. Aconteceu desde o mês de março do ano em questão O I Fórum Sócio Ambiental de Oeiras que teve entre outras metas oferecer programas de Educação Ambiental e Saúde no município, bem como ressaltar a importância da preservação dos históricos riachos Mocha e Pouca Vergonha. Este Fórum teve o financiamento e o respaldo de órgãos federais importantes como: o Ministério das Cidades e a Universidade Federal do Piauí. Naquele momento da realização de suas quatro primeira conferencia houve uma participação de pelo menos duas mil pessoas tratando entre outras coisas de ética e meio ambiente, ecologia, saneamento básico, esgotos e aquecimento global. Tudo proferido por gente da maior qualidade técnica nestes assuntos.
Os participantes desta IV Conferência são em sua maioria estudantes, os idealizadores do Fórum veem com esse projeto uma forma de já estarem preparando os ambientalistas do futuro. Um bom começo para uma cidade que é totalmente avessa aos problemas ambientais.
Mas a maioria da população, ainda é alheia ou não se interessa pelo tema corrente. È uma pena, pois, hoje não existe nada de tão mais atual e importante do que a temática ambiental. A terra vive um momento como nunca se viu. São tantas as catástrofes, que já se imagina um futuro em que o Planeta Terra pode deixar de ser o único a apresentar vida, não que se descubra vida fora deste, mais a vida que se faz presente por aqui, pode desaparecer diante do desequilíbrio em que a Terra se inseriu no último século. Só para citar um exemplo podemos ser bem enfáticos e falar apenas do Aquecimento Global. Esse, sem duvida, é o grande vilão da atualidade. O problema é que em vistas de uma modernidade que nunca chega igualmente para todos, ainda traz sérios danos, estes sim, são para todos que os provocam ou não. Segundo os últimos relatórios sobre as mudanças climáticas, o aquecimento global trará mudanças drásticas ao clima do nordeste brasileiro, haverá um aumento das áreas em desertificação, as secas serão mais frequentes, as temperaturas da terra serão cada vez mais elevadas, ocorrerá uma diminuição do gelo polar, o que provocará um aumento no nível das águas dos oceanos ocasionando assim uma submersão das cidades costeiras do Brasil e do mundo. O mundo conhece na primeira década deste século um novo tipo de imigrante, o imigrante do clima, aquele que abandona sua terra por causa das condições adversas ocasionadas pelas consequências climáticas. Percebe-se com isso que a coisa é preocupante e que algo logo tem que ser feito para tentar pelo menos amenizar estes transtornos.
Pois bem, em Oeiras, pode se contar pelo menos cinco grandes problemas ambientais. A grande mazela social e ambiental da cidade gira em torno do acentuado estágio de degradação do Riacho Mocha, este significa as origens das terras piauienses, foram ás suas margens que o sertanista Domingos Afonso Mafrênse edificou a primeira construção que mais tarde seria cidade de Oeiras. Outro grande problema que muitos sabem mais faz vista grossa é o assoreamento do Rio Canindé, um dos grandes afluentes do também assoreado Rio Parnaíba. O Rio Canindé, serve hoje, para o enriquecimento de muitos donos de caminhões que vivem a vender a areia e seixo que é retirada do seu leito a quase duzentos reais a carrada. Existe ali também uma grande quantidade de ribeirinhos que utilizam as margens do rio para retirar argila para a confecção de alvenaria que é vendida para as construções da cidade. De uma só vez a cidade está prestes a perder dois mananciais de água o Riacho Mocha já quase morto e o Rio Canindé em processo. Um absurdo para os dias atuais quando se sabe que o nosso futuro no tocante ás reservas hídricas é incerto, muito provavelmente haverá escassez desse recurso. Fora estes, são corriqueiros, a má disposição de lixo nas ruas, avenidas e em terrenos baldios, fato que prejudica não só o aspecto visual da cidade como também contribuem para a proliferação de insetos que entre outras coisas são disseminadores de doenças. Esgotamento a céu aberto, esse é sem duvida um problema sério quando os esgotos ainda são tratados como coisa qualquer. O fato é lamentável diante de um mundo onde o lugar em que as pessoas vivem mais, possui pelo menos os serviços de infraestrutura mais comuns funcionando bem. Os oeirenses não podem se dar o ‘luxo’ de viver a quem da modernidade e de exigir boas condições de saneamento básico. Para isso a população também tem que dar a sua grande parcela de contribuição se imbuindo do seu papel de agente consciente, para que as mudanças plausíveis e cabíveis aconteçam.
A questão ambiental em Oeiras está tão fora de propósito que poucos sabem mais estudos já apontam para a inserção do município entre os que estão em processo de desertificação devido ao uso indevido do solo pelo pequeno agricultor que sem orientação termina cansando aterra mesmo sem se dar conta. Falta a adoção de políticas públicas ambientais por órgãos competentes, mais na verdade o que se percebe é ninguém faz nada.
Então, o que fazer diante de tudo isso? Será que a população tomará consciência de que algo deve ser feito para mudar este estado de coisas? Será que um dia a cidade terá uma Secretaria de Meio Ambiente atuante, e não deixe que questões como essas venham a acontecer? Será que um dia o ministério público quando acionado sobre esses problemas responderá á altura? Será que um dia os representantes do povo, que em Oeiras são muitos, darão á resposta que o povo ânsia?
Diante de tudo isto, o que se pode perceber é que Oeiras e seus problemas ambientais não podem ser sempre deixados em segundo plano. O mundo hoje fala sobre meio ambiente, e procura encontrar soluções para muitos deles. Nós não podemos ficar alheios a tudo isso e simplesmente fazer de conta que nada está acontecendo. Basta de faz de contas, ou o povo se mexe e faz algo ou em um futuro bem próximo a cidade estará inserida entre aquelas que não cuidou do seu meio natural e sofrerá ás devidas consequências.
Por fim, dizer que a Conferência Cemti Sobre o Meio Ambiente em sua IV edição se consagra como sendo o único grande evento que reflete sobre as questões ambientais na cidade de Oeiras, já que mais de trezentos estudantes e professores participam do evento e ainda por congregar alunos de mais de 20 cidades do sul do estado do Piauí.
* Professor Emanuel Vital de Sousa; Pós graduado em Educação Ambiental.