
Mais de 60 mil eleitores do Piauí podem ter título cancelado em maio; veja como regularizar
28/04/2025 - 08:43Em todo o país, mais de 5,1 milhão de pessoas ainda precisam regularizar o documento.
Dois grupos lutam para manter a tradição do Reisado em Oeiras. Um deles é o da Vila Santa Teresa, liderado pelo senhor José de Pastora, que anualmente se apresenta por diversas casas de Oeiras, iniciando no dia 24 de dezembro e se estendendo por todo o mês de Janeiro.
O Reisado em Oeiras teve seu momento de maior vigor quando o grupo do bairro Canela liderado por “Seu Quelé” tocava as folias de Reis e animava a cidade. Na época, o grupo de Seu Quelé era amplamente conhecido em Oeiras e região. Com o falecimento do líder, o grupo acabou e há algum tempo, foi feito um resgate por parte de alguns jovens daquele bairro, que com esforços próprios lutam para manter a tradição, que vem perdendo força com o passar dos anos por envolver pessoas mais idosas.
Dona Josefa Alves, 70 anos, conta que uma grande parte das pessoas que brincavam de Reis já faleceram e outros devido a idade não conseguem mais manter a tradição, porque não conseguem mais acompanhar o movimento por serem idosos.”Como o interesse dos mais jovens é muito pouco, a tendência é que essa tradição vá perdendo força mesmo. Mas eu não posso ouvir o som do tambor que me junto ao grupo, canto, bato palmas, danço, por que isso está no sangue”,completa dona Josefa.
Mas se depender da força de vontade do grupo liderado por José de Pastora, o Reisado não vai acabar tão cedo. Ele e mais quinze amigos, assumiram o Reisado da Vila Santa Teresa e há alguns anos percorrem diversos bairros de Oeiras “brincando de Reis”.
O grupo é formado por tocadores, cantores, Caretas, Boi, Burrinha, Jaraguá, Nega do Fogo, que animam, brincam, correm atrás das pessoas que os assistem. Eles se reúnem no início da noite na casa do líder e saem para as apresentações. “Graças a Deus estamos sendo bem recebidos por onde passamos. Algumas pessoas até nos procuram pedindo a visita”, comemora o líder.
Mesmo assim,José de Pastora diz que são muitas as dificuldades para levar adiante as folias de Reis. ”Não temos apoio de ninguém, nem de instituições. Tudo é muito simples, e feito por nós mesmos. Veja que nossas máscaras são de papelão e usamos nossas roupas mesmo, pois não temos dinheiro para comprar figurino”, afirma José de Pastora.
Para se deslocar pelos bairros da cidade o grupo vai de carroça, pois são muitas as apresentações e os “brincantes” ficam cansados. Como nenhum dos membros possui automóvel, eles usam o pouco dinheiro arrecadado para pagar uma carroça para levá-los. Este ano o grupo fez cerca de 500 apresentações. Mas com todas as dificuldades José de Pastora diz que não pensa em parar. “Nunca pensei em parar e enquanto vida tiver estarei brincando de Reis”, insiste.
O historiador Júnior Vianna explica que essas manifestações são muito importantes para engrandecimento da cultura local. ”Eles são a célula que não deixa morrer o que há de mais valioso no imaginário coletivo: a crendice e a magia festiva”,incentiva o historiador .
Esses grupos, alheios a interesses e mecanismos, conseguem manter com integridade, seus valores, merecendo das instituições ligadas à cultura, uma atenção muito especial e necessária.