
Trinta anos sem Garrincha

(*) Por Ferrer Freitas
Este domingo, 20 de janeiro de 2013, marcou os trinta anos do falecimento de um dos maiores ídolos do futebol brasileiro, Manoel Francisco dos Santos, o Garrincha. Aliás, a revista “O Cruzeiro”, talvez a de maior evidência de quantas já se publicaram neste país, trazia com este título, “Ídolos do Futebol Brasileiro”, foto-página de um grande craque ,com sucintos dados biográficos. Nunca esqueço do número de Castilho, goleiro da seleção, em que aparecia segurando uma bola de braços levantados.
Voltando a Mané, como Garrincha era também conhecido, após encerrar sua gloriosa carreira em grandes clubes de futebol, a maior parte do tempo no Botafogo de Futebol e Regatas, passou a exibir-se em partidas promocionais Brasil afora, acredito que levado por dificuldades financeiras, e o fez em Oeiras no ano de 1974. O então prefeito, Pedro de Mendes Freitas, de saudosa memória, atendendo a apelo de desportistas aquiesceu em levá-lo para jogo entre as seleções de Oeiras e de Simplício Mendes. Hospedou-o em casa de dona Ivete Barbosa, presentemente disponível para alugar, na rua dr. Manoel Rodrigues, defronte à de minha avó Isabel, a inesquecível Bebé. A cidade ficou em polvorosa com a presença daquele ídolo, que recebeu visitas ilustres, como a do mestre Possidônio Queiroz, e mereceu crônica antológica do escritor oeirense Rogério Newton. Este observou-o nos mínimos detalhes, sem sair de sua casa, pois que bem próxima à em que Mané estava na estreita via, naquele tempo mais conhecida como beco de Seu Francisquinho Barbosa. Anteriormente de dona Maroquinha e, já há algum tempo, de Julica, minha estimada tia.
Os trinta anos do falecimento de Garrincha vêm merecendo ampla divulgação de parte da grande imprensa, incluindo emissoras de televisão, e me fizeram lembrar um fato singelo, como ele era, ocorrido antes da partida no Estádio Gerson Campos. Uma minha prima de 9 anos , Maria do Carmo, lamentavelmente falecida muito moça, morava com a avó Bebé. Alegre e simpática, a todo momento atravessava o beco para conversar com aquele homem que, com certeza, nem sabia de quem se tratava, mas que o deixava extremamente enternecido.
Pois bem. Em solenidade que antecedeu à partida, os jogadores em fila recebem o grande ídolo com palmas e lhe ofertam flores, entregues pelo filho do prefeito, Pedro de Mendes Freitas Júnior, à época um garoto. Garrincha recebe-as comovido, olha em sua volta e vê Maria do Carmo, que tanta atenção lhe dera naqueles dois dias na cidade. Passa-lhe então as flores, para emoção e aplausos de todos.
(*) Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras