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20/07/2025 - 17:32Acidente aconteceu na tarde deste domingo (20), a cerca de 3 km do Posto Clementino; homem foi encontrado consciente e sem ferimentos graves
O cantor Vavá Ribeiro concedeu uma entrevista ao também cantor Vivaldo Simão, que prontamente nos cedeu para publicação no Mural da Vila.
Na entrevista, Vavá fala sobre seu trabalho e as expectativas para o lançamento do novo CD Rota de Reis.
Confira:
Vivaldo Simão: Como anda o processo de gravação do novo disco? Quando nós teremos, digamos assim, o parto?
Vavá Ribeiro: Infelizmente, ando tendo problemas com as participações especiais do Vander Lee e do Dominguinhos, eles andam muito ocupados, de forma que se eles demorarem muito vou acabar desistindo. Também estamos tendo um certo trabalhinho nas mix porque trata-se de um disco temático, cheio de detalhes, o que dificulta bastante esse processo. Portanto, não dá pra precisar datas, mas esperamos por ele, antes do natal!!
Vivaldo Simão: O titulo do disco é Rotas de Reis. A que rotas e que reis você ser refere e qual a relação do titulo com o repertorio do disco?
Vavá Ribeiro: A primeira relação é extremamente cultural, uma vez que mexe um pouco com os ritmos nordestinos, oriundos dos nossos costumes e crenças, uma viagem entre o glamour e o singelo, entre real e o fantástico, de situações que no fundo, julgamos ser possíveis. Muito das letras também tem relação com o que diz logo abaixo, sobre as rotas de reis.
Rotas de Reis, trata-se da inquietação do homem em relação ao desconhecido. Quando nada mais lhe oferece insegurança, vem a necessidade de querer conhecer o novo, por se sentir preso a uma vida pacata, sem emoções, vazia. O desprezo à tudo o que lhe cerca, lhe sugere lemes, a vagar por rotas incertas, à procura do preenchimento dessa vida vaga, de um amor que n está em lugar algum. É quando cessa a sua busca, por descobrir que a resposta estava no descuido de tudo o que deixou pra trás. Descobre enfim, que o amor estava sempre ao seu lado, num beijo de despedida!!
Mas, digo_Quem quiser, pode deixar a imaginação fluir mais... (risos)
Vivaldo Simão: É estranho a gente ver que, diferente do Ceará, Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, o Piauí jamais tenha emplacado um grande nome na música brasileira, embora tenhamos aqui grandes talentos não só como interprete mas também como compositor. Hoje , por exemplo, temos Vavá Ribeiro, Soraia Castelo Branco, Roraima, Teofilo, Validuaté, dentre outros que nada devem, em nível de qualidade artística, à atual geração da MPB. Pra você o país ainda não deu o devido reconhecimento aos nossos artistas por uma questão de acessibilidade ou de preconceito?
Vavá Ribeiro: Até acho que a Acessibilidade é um tema discutível! Não conseguimos ir a um programa global ou de outras emissoras porque sabemos que tem que se pagar caro pra isso. Nos encontros culturais que acontecem fora do Piauí, inventam de mandar uma referência que não foi ao menos recriada, tipo: um Boi que não existe fora desses encontros, que não vemos, que não consumimos, sem expressão ( porque o Maranhão faz bem melhor) e que turista nenhum irá encontrar por aqui, nem vamos exportar porque ele não existe de fato. Eu, por exemplo, tenho o maior orgulho de sair por aí em festivais e amostras musicais, dizendo que o que faço é apoiado pelo meu povo piauiense que consome bem a minha música. Mas digo também, que não tenho apoio de nenhuma entidade com vínculos políticos, e que na verdade, banco a maioria dessas viagens. Eles ficam horrorizados com isso, e eu, me sinto com a alma e o espírito limpos, mas a língua, afiadíssima (risos)!! O governo tem que apoiar a cultura vigente, da gente que dá seus dias de vida pra constituir algo que seja referência do seu estado. Eu me sinto um desses, e que se dane os músicos maravilhosos que não se aguentam de ver que não precisamos ir ao festival de Montreux, pra essa gente nos amar com o que fazemos!! Por outro lado, vejo que falta um pouco de garra da turma daí de cima citada. Eu sou formado em letras/português e vivo exclusivamente da música, e não é porque sou melhor do que ninguém. Tenho esposa, filha e uma outra tão esperada para nascer, mas, viajo o Brasil inteiro em busca de oportunidades!!! Quando o bolso seca, volto, porque sei que aqui o meu povo me apoia, e é preciso que isso aconteça para que eu prossiga minhas rotas!
Não se trata de preconceito, não existe isso quando se trata de arte, ou a música é boa ou é ruim!! Mesmo quando o Fulano Sem Talento se torna famoso, por ter tido grana para investir no Faustão ou no Gugú, as pessoas na verdade, ainda vislumbram tudo o que aparece na TV, por isso consomem aquilo, sem noção do teor(ainda tem a questão de gosto que não se discute mesmo)!! Uma prova disso é a nossa Gisele do BBB, o que ela faz mesmo?? Nada contra a pessoa, não a conheço, só perguntei o que ela faz!! Por que teria curiosidade em vê-la?? Mais uma vez, nada contra a nossa Gisele, do Maranhão!!
No dia em que tiverem oportunidade de ouvir a nossa música, tenho certeza que irão se amarrar, mas, não vamos esperar por apoio de ninguém, a vida continua!!
Vivaldo Simão: Você tem estado presente em vários eventos fora do estado, ao longo desses anos todos. Como a sua música tem sido recebida Brasil afora? As palavras de O Torto ainda lhe pesam como um retrato duro da luta do artista piauiense ou as coisas melhoraram nesse sentido?
Vavá Ribeiro: Bem, pra você ter uma idéia, acabo de chegar de um festival em Brasília! O maestro da banda, Marcílio Homem, que já conhecia uma música minha do ano passado, ficou super curioso em conhecer meu acervo musical e de cara, me convidou para fazermos um cd juntos. Causei frisson na platéia, fiz muita amizade entre cantores e compositores, enfim!! O prêmio não veio como resposta, mas todos sentimos um certo bairrismo da comissão organizadora!!
Foi engraçado como meus amigos observaram outro fato ocorrido em BSB: estávamos visitando a LBV, e de repente alguém perguntou_ Aquele é o Vavá Ribeiro? Meu amigo do RJ, Sandro Dornelles, me gritou e eu, fui recepcionar a fã!!
Fatos como esse tem acontecido frequentemente em lugares onde retorno por alguma eventualidade!!
Acho que o fantasma do Torto merece descanso!! Depois que entendi que o nosso destino é aeroporto e rodoviária(como diz nosso Lázaro do Piaui), muito de minha auto-estima melhorou muito, e com isso vieram muitas conquistas, coisas que ainda persigo com mais clareza e certeza!!
Vivaldo Simão: Todas as composições (letra e música) de Calmaria e Do seu lado estão creditadas unicamente a você. É dificuldade de compor em parceria ou é uma opção pessoal primar pelo trabalho artístico totalmente autoral?
Vavá Ribeiro: Na verdade, tive sim, muita dificuldade em compor junto!! Hoje já estou conseguindo me soltar mais. Consegui musicar um poema do Reginaldo Leal(conterrâneo nosso, daí) e com o Gilvan Santos, meu parceiro de tantos festivais, consegui encaixar uma letra numa música minha. Acabei gravando neste novo trabalho, o Nivito Guedes, do Pará e o Geraldo Maia, do Pernanbuco, na tentativa de criar vínculos com seus fãs!!
Não se preocupe, a nossa ainda vai sair, num belo dia de qualquer coisa, (risos)!!!
Vivaldo Simão: Você é formado em Letras/Português e é de se supor, até mesmo pela qualidade textual de suas canções, que você seja um apreciador da boa leitura. O que você gosta de ler? Que influencia tem a literatura nas letras de suas canções e de que forma a graduação em Letras influenciou o seu trabalho como compositor?
Vavá Ribeiro: Serei muito sincero!! Não sou um bom leitor de literatura escrita, não leio muito, apenas me preocupo com as regras gramaticais! Neste sentido o curso me ajudou um pouco, sobretudo, nas discussões da desconstrução da gramática com a quebra dos preconceitos linguísticos! Minha leitura é do mundo, muito do que vejo, do que escuto e reconstruo. As sacadas são para os olhos, o Flash da fotografia, de onde se tira perguntas e respostas. Mas, confesso que leio e gosto de autores piauienses, O. G. Rego, Assis Brasil, Permínio Ásfora, etc.