
A escolha do nome do filho
Li uma crônica de uma amiga, que por sinal adorei. Narrava a história de seu nome, como lhe foi dado, e o tanto que se sente feliz com ele. Uma rainha! Mas, como não poderia deixar de ser, fiquei pensando na legião de azarados, com o ‘calvário’ que carregam em seus documentos, com alguns nomes não tão distintos como o dela.
Os filhos carregam as homenagens que os pais fazem às pessoas que idolatram. E carregam esta herança por toda a vida.
Há nuitos anos já é possível abolir um nome que traga problemas por sua esquisitice. Mas poucos mudam seus nomes, não é fácil. Além de terem de pagar honorários advocatícios, custas judiciais e mais as despesas com o assentamento do novo nome no Cartório de Registro Civil, ainda há o constrangimento em relação aos pais.
Bem, aí vem a pergunta que fazemos quando vemos umas coisas esdrúxulas pela frente: ‘de onde saiu isso?’. Por que aparecem por aqui os Jéferson, as Dayanne, as Jennifer, os Aelington, as Franciely, os Fabian, os Michael? Puxa... mas como se escreve isto?
Mas em seguida, talvez como um contraponto, aparece a turminha que adora umas coisinhas pequeninas: então lembrei das Edy, dos Dan, dos Odir, dos Leo, das Eva, dos Otto, dos Caiã... Os pais destes são econômicos, menos mal.
Nesse redemoinho de nomes, começo a lembrar de alguns pais ‘eruditos’, que adoram ler sobre a antiguidade, biografias de músicos, artistas e filósofos. E colocam nos pobres anjinhos a assombração de Apolo, Sócrates, Anníbal, Cícero, Tito, Honório, Homero, Jesus, Rômulo, Mozart, Roberto Carlos... Para serem 'cobrados' ao longo da vida!
Outros, para dificultar mais a vida dos filhos, procuram dois nomes (um para satisfazer a mãe, outro para satisfação do pai) sabendo que serão chamados apenas por um, senão por apelido: aí surgem as Ana Iracema (Ira), as Maria Antonia (Tônia), as Ana Gioconda (Gio), as Maria Evangelina (Lina), as Ana Jaqueline, os Mário Mariano...
Também penso na turma dos devotos que não negam homenagens aos seus santos: aparecem, então, as Genoveva, Edwiges, Petronilla, Aurélia, Aparecida, Esperidião, Amâncio, Expedito, Hermenegildo... São mais de 1200 santinhos! E estes santos serão os eternos protetores dos 'anjinhos'.
E, para fechar o clã dos famosos, trago aquelas coisas estapafúrdias da vida: as Aldegunda, os Flósculo, os Fhilogônio, os Epaminondas, as Brunhilde, os Godofredo, os Simplício, os Setembrino, as Francisoréia... e por aí vai. E mais, muito mais quando entram os nomes compostos, vindos do nome da mãe e do pai: Claudia e Valdernei geram o Clau-der-nei !! Isso fica muito bonitinho... “Vem cá, Claudernei!” E a coisa piora quando o Claudernei tem mais 4 irmãos: o Clauberto, a Claurinda, a Claudete e a Claurisbete.
Mas é isso: como essas esquisitices jamais irão acabar, que vivam os homenageados através de nossos filhos