
A quem interessa o gurguéia?
O caríssimo Dr. Jesualdo Cavalcanti parece que quer aplicar na celeuma das tais “Chances do Gurguéia” a famosa Lei do Gerson (“Gosto de levar vantagem em tudo, certo?”). Nos primórdios deste “movimento” dele com ele mesmo e mais um punhado de políticos representante de conhecidas oligarquias regionais, me lembro bem, diziam que era só uma questão de tempo, mas o fato já estava praticamente confirmado.
Chegaram até a divulgar um ridículo mapa que por pura pusilanimidade histórica, não incluía Oeiras no fantasioso espaço administrativo, mas deixava a Primeira Capital a muito poucos quilômetros das fronteiras do utópico território. Como ninguém, de sã consciência, deu bola para este malogro, isto é, porque a tese da divisão não empolgou os piauienses nem do norte, nem do sul, nem os de Oeiras, começaram a propalar do indefensável; a procurar as menores brechas para manter acesa a chama desta solução artificiosa. Uma delas foi protagonizada pelo amigo Jesualdo, que fez uma provocação culpando pelo atraso da região sul as “oligarquia oeirenses” (como Pilatos, até o Visconde da Parnaíba foi citado!), como se as demais, inclusive as do sul do Estado, ostentassem uma natureza diversa.
Provocado, à queima-roupa, devo confessar que fui levado a aceitar esta reles provocação emanada do desespero dos que veem frustrados seus planos insidiosos de dividir o Piauí, jogando por terra nossa evolução histórica. Não pretendo dar mais palco para estas diatribes. Todas as tentativas de mobilização popular promovidas no sentido da pretendida divisão tem sido coroadas de rotundo fracasso. O povo simplesmente ignora a proposta de criação do Estado do Gurguéia porque não atende a seus legítimos interesses em ver a “terra querida” trilhando o caminho do progresso em sua integridade, evidentemente, respeitando as singularidades regionais. Afinal, temos todos identidade cultural própria conquistada com as agruras do insulamento que ainda hoje nos encontramos.
Quanto ao argumento de governantes serem julgados pelo número de visitas que fizeram às diversas regiões desta unidade federativa, além de ser grotesco, por vincular os problemas do povo a um heróico “Salvador da Pátria”, ainda por cima distorce o papel do administrador, como se um “Gato de Botas” tivesse o condão de mudar alguma coisa apenas com sua presença.
Sertanejamente, Carlos Rubem
*Carlos Rubem é presidente da Funda
ção Nogueira Tapety
Extraído da Coluna do Zózimo Tavares, Jornal Diário do Povo 04/03/09