
Breve colóquio sobre as eleições
Inicialmente, peço desculpas aos nossos leitores internautas, por insistir em falar sobre polÃtica. Entretanto, reconheço que no momento não há outro assunto idôneo a tratar além desse. Afinal, não é todo dia que você é chamado a exercer a sua cidadania, e eu quero apenas alertá-lo com os meus repugnantes despautérios.
Em primeiro lugar, por que em todas as eleições as promessas são as mesmas? "Construir hospitais", "reformar escolas", "melhorar a segurança pública", entre tantas outras que todos já se cansaram de ouvir mas ninguém cumpre. Faltam recursos? Falta memória quando se chega ao poder? Falta cobrança por parte da população? Eu acredito que ninguém cumpre, porque se o fizer não há mais o que prometer na próxima eleição.
Eu descobri uma nova utilidade das propagandas eleitorais: fazer-me rir. Moro em Teresina, mas um canal de TV nos honra em transmitir os programas polÃticos de Timon (MA). É melhor do que assistir aos desgastados programas humorÃsticos da Globo. Candidatos estapafúrdios e com nomes engraçados são os responsáveis por afastar o meu tédio após o almoço. Sabem que não se elegem, mas nos prestam um grande serviço utilizando-se da benevolência concedida pela Justiça Eleitoral.
Na realidade, tÃtulo de eleitor é passaporte para o engodo, o engano e a desilusão. Você simplesmente elege o candidato para ele se beneficiar e proteger seus apaniguados com altos cargos no governo. Nada mais. Cidadania no Brasil é utopia, e eu posso ilustrar com exemplos, como a iniciativa popular de projeto de lei de interesse especÃfico do MunicÃpio, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos 5% do eleitorado, que está prevista no artigo 29, inciso XIII da Constituição Federal. Isso poderia ser um forte instrumento de participação do povo nas decisões polÃticas, e que, por essa razão, não é divulgado nem incentivado, malgrado esteja previsto na Lei Maior do nosso paÃs. Cidadão é apenas aquele que pressiona seus milagrosos dedos nas preciosas teclas da urna eletrônica.
É nessa época que eu reafirmo a convicção de que o Brasil é um paÃs inusitado. Se cobrir com uma lona, vira um circo; se murar, transforma-se num imenso hospÃcio.
*Poeta Simpliciomendense