
Eles nada entenderam

* Por Augusto Brandão
Enquanto o povo estava nas ruas, fazendo manifestações contra a corrupção, desmandos administrativos e financeiros, na gestão pública do país, ministros de Estado e da Suprema Corte estavam voando pelo céu de brigadeiro deste imenso Brasil.
Durante mais de uma semana, a Imprensa divulgou que vândalos estavam destruindo patrimônios públicos e privados. A ênfase e o tempo aos descaminhos eram bem maiores do que os dados às reivindicações por saúde, educação, segurança, moralização, ética, parcimônia.
Quem destrói o patrimônio de quem quer que seja é realmente vândalo. Criminoso. Mas, quem destrói dignidade, sonhos, esperanças de um povo também merece ser chamado de vândalo e criminoso, e pagar caro por isso. Não apenas ir para a cadeia, porém descontar do seu ganho mensal ou patrimonial o suficiente. para recuperar o bem danificado. E até moral e psicológico, se for necessário.
Primeiramente, foi o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ele usou um avião da FAB, para levar parentes de Natal-RN ao Rio de Janeiro, para passear e assistir à final Brasil contra Espanha, válido pela Copa das Confederações. Alves afirmou que devolverá o dinheiro gasto com a viagem.
Depois, foi a vez do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele foi ao casamento da filha do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), em Trancoso, na Bahia, em um avião da FAB. Calheiros afirmou que nada devolverá do que gastou dos recursos públicos. Depois voltou atrás e disse que irá pagar a viagem.
Em seguida, o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho (PMDB), também usou um avião da FAB, no fim de semana, para ir ao Rio de Janeiro assistir à final da Copa das Confederações no Maracanã. Ele disse que faz sempre essas viagens.
A bola da vez é o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa. O ministro usou recursos da Corte, para se deslocar ao Rio de Janeiro, no final de semana, dia 2 de junho, quando assistiu ao jogo Brasil e Inglaterra, no estádio do Maracanã. O STF diz que a viagem, feita em um avião da FAB, foi paga com a cota que os ministros têm direito, todavia não divulgou o valor pago, nem qualquer regulamento sobre o uso da cota.
Eles nada entenderam. E jamais entenderão.
O povo precisa, urgentemente, voltar às ruas.
Fortaleza, 5/7/13
* Augusto Brandão, Jornalista e membro da Associação Ambiental de Oeiras - AMO. .