
Futebol é coisa séria

(*) Por Ferrer Freitas
Devo dizer, de cara, que o título desta crônica tomei emprestado ao jornalista William Bogea, que o usa na sua coluna esportiva “O Papo do Bogea” publicada em jornal de Teresina, com o fito de denunciar mazelas deste tão desprestigiado futebol piauiense. Torcedor do Vasco ainda dos tempos de Sabará, Livinho, Vavá, Walter e Pinga, meu intento também é falar mal, só que de forma generalizada, atendo-me logo ao baixo nível intelectual da maioria dos jogadores - dos grandes times, é bom frisar - que bem poderiam ser tachados de “maria-vai-com-as-outras”. Basta um famoso inventar algo inusitado pra virar moda. É assim com o corte de cabelo “moicano”, tatuagens pelos braços, uso de brincos reluzentes e trancinhas entrelaçadas com fitinhas coloridas, comemoração de gol com passinhos de dança, dedos indicadores apontados como revólveres ou ainda simulando disparo com arco e flecha, sem falar no mais anti-higiênico de todos, chupar o dedo polegar, evidentemente que sujo, para festejar filho recém-nascido. Alguns ainda comemoram retirando a camisa e jogando no gramado, mesmo sabendo que receberão o cartão amarelo, sem falar que o gesto constitui, a meu ver, enorme desrespeito às cores do clube. Talvez fosse o caso de constar em contrato multa por essa atitude.
Ouvinte de rádio desde menino-pequeno em Oeiras, faço minhas caminhadas vespertinas de radinho ligado no programa “Microfone Aberto”, comandado pelo grande jornalista Dídimo de Castro, sem dúvida a maior audiência do horário (17 horas), constatação abonada pela participação pelo telefone de inúmeras pessoas dos mais diversos bairros de Teresina. Cito-o justo por se tratar de profissional sério e de muito conceito, autor do livro “Gol contra da Imprensa Esportiva”, em que aborda, entre outras tolices ditas por repórteres esportivos, muitas que terminam se transformando em bordões, como estas: “chutando o balde”, “atiradores de elite”, “jogo da morte”, “a terra vai tremer”. Ora, uma partida de futebol não é uma batalha e sim uma diversão! Frases assim, no meu entendimento, levam à violência, que é o que mais se vê ultimamente.
Outro absurdo inominável é o uso de “raio laser” por torcedores nos estádios. Outro dia a TV mostrou um dirigido ao rosto do goleiro do Bahia justo na hora em que seria cobrada falta da entrada da área por jogador do Flamengo. Por pouco não saiu um gol. Ainda bem que o torcedor foi preso logo depois, flagrado pelo canal que transmitia a partida. Como diria o grande Carlos Said, decano da crônica esportiva, meu velho mestre dos tempos de Liceu, um tipo que faz uma coisa assim é um apedeuta.
(*) Ferrer Freitas é bacharel em Direito