
Justas homenagens

(*) Por Ferrer Freitas
Retornei a Oeiras em setembro último, dias 13 e 14, pela primeira vez após o encantamento, como gostava de se referir o grande romancista Guimarães Rosa à morte de alguém querido, de minha inesquecível Mãe Lilásia, a Lalá de todos, em março último, aos 92 anos. E o fiz para participar de justas homenagens a dois seres extremamente caros para mim, Gerson Nogueira Campos, falecido há 40 anos, e Amália do Espírito Santo Campos , sua irmã, pelo transcurso de seus bem vividos 90 anos. Os dois, filhos de Joel Piauilino Brito de Holanda Campos, como era o nome completo do tio (tratamento da expressa recomendação de minhas tias-avós) Joel Campos, tabelião de ofício, e Maria de Jesus Nogueira Campos , a inesquecível dona Bembém, irmã do poeta Nogueira Tapety.
A homenagem póstuma a Gerson, poeta, cantor, ator, radialista, jornalista, goleiro e, finalmente, boêmio empedernido, ocorreu no espaço cultural Café Oeiras. Constou do lançamento da segunda edição, revista e ampliada, de sua obra “Sonetos e Retalhos” , vinda a lume somente após sua morte, e de muita música de seresta . Entre tantas o samba-canção “Olhos Verdes”, que guardei na memória todos esses anos e pude repassar para arranjo do maestro e saxofonista Francisco Queiroz cantarolando no celular de um dos organizadores do evento, o caríssimo Gutemberg Rocha, também poeta, traduzida em magistral interpretação de sua sobrinha Vanda Queiroz. A letra é de Gerson e a música do grande trompetista oeirense Levi Carmo, também já falecido.
Já a homenagem à querida dona Amália deu-se em missa gratulatória celebrada pelo bispo Dom Juarez Sousa na Catedral de Nossa Senhora da Vitória, com a presença de muitos amigos, ex-alunos e admiradores da insigne mestra. A primeira lembrança que guardo dela, já como professora, é no Grupo Escolar Armando Burlamaqui, onde fiz o que se chamava curso primário, Funcionava em ampla casa no antigo Largo da Conceição, ao lado do tradicional templo, ela recém formada no Colégio das Irmãs de Teresina. Depois, tive a felicidade de ser seu aluno, já nos anos cinquenta, com o advento, tardio, diga-se de passagem, do Ginásio Municipal Oeirense, que permitiu a continuidade dos estudos de muitos jovens oeirenses cujos pais não tinham condições econômicas de mandá-los estudar fora. De corpo docente de alto nível , a começar pelo primeiro diretor, o Padre Balduíno Barbosa de Deus, o glorioso GMO, como gosta de me referir ao educandário, marcou época pela qualidade do ensino ministrado por mestres e mestras como Amália do Espírito Santo Campos. Por tudo isso, a admiração e gratidão de seus ex-alunos.
(*) Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras