
O olhar divinal de Adleuza Pacheco

* Por Júnior Vianna
Abrasada pelos raios do sol do Equador, Oeiras viveu por mais um ano a festiva celebração do Divino Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. As ruas encarnadas pela divina oeirensidade explicitava a intimidade desse povo com as tradições seculares da velha urbe. Um dia onde a emoção da maior parte das famílias católicas da cidade fica aflorada, pelo preito ao Paraclito.
Muitos sãos as manifestações dos devotos para com os símbolos da festa, desde o toque na imagem à bandeira que em leve ritualização baila sobre as cabeças dos processionais. Faz-se ali o que os historiadores definem como hipertrofia devocional, momento onde a fé é exteriorizada de maneira bastante excessiva. São por sua vez, sentimentos particulares e silêncios, que somente com a sensibilidade artística da fotógrafa Adleuza Pacheco para termos dimensão desse momento histórico.
As imagens capturadas por essa artista traduzem a essência da cidade, isto é, explicita a emoção vivida pelos oeirenses quando realizam aquilo que tão bem sabem fazer. De muito bom gosto, quase nada parece escapar de seu olhar agudo. As lágrimas, os risos, os olhares contemplativos ganham notoriedade, assim, a fotógrafa nos leva junto para dentro desse universo mágico.
Adleuza é de uma nova safra de artistas, que escolheu para si a arte que tem a capacidade de hipnotizar e encantar. Como bem dizem, “contra prova não há argumento”. E não há argumento mesmo, diante a qualidade do seu ensaio tematizado na Festa do Divino. Qual o segredo da qualidade dessas fotos? Diria: um misto de oeirensidade e profissionalismo autodidata, resultado de anos de experimentos e aperfeiçoamentos.
Portanto, para validar o feito artístico de Adleuza Pacheco, recorri à internet com intuito de encontrar alguém que poderia ter dito algo melhor a respeito dessa arte, e por sorte encontrei Ivan Lima, que expressou: "A fotografia, antes de tudo é um testemunho. Quando se aponta a câmara para algum objeto ou sujeito, constrói-se um significado, faz-se uma escolha, seleciona-se um tema e conta-se uma história. Cabe a nós, espectadores, o imenso desafio de lê-las." Desse modo, Adleuza Traduz em seu ensaio a vivência cultural de um povo, sem esconder a sua mais profunda oeirensidade.
* Júnior Vianna é historiador, professor da Rede Particular de Oeiras, Membro do Instituto Histórico de Oeiras