O piauí na história da dramaturgia brasileira

A importância do Piauí para a história da moderna dramaturgia brasileira ficou clara na tese de doutorado defendida recentemente pelo professor Francisco de Assis de Sousa Nascimento, professor da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), do campus de Picos. O trabalho tem como tema "Teatro dialógico: Benjamin Santos em incursão pela História e Memória do Teatro Brasileiro", e foi apresentado durante sessão pública ocorrida no Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, Rio de Janeiro.

Na oportunidade, diante de uma seleta banca composta pelos professores Doutores Evelyn Furquim Werneck Lima (UNIRIO), Marcos Ribeiro Mesquita (UFAL), Ana Maria Mauad (UFF), Edwar Castelo Branco (UFPI) e Alcides Nascimento (UFPI), este último como orien-tador do trabalho, o professor Francisco Nascimento defendeu a tese como parte das atividades do Doutorado Interinstitucional (Dinter) em História firmado entre a UFPI e a UFF.

Os argüidores destacaram a qualidade dos recursos empí-ricos utilizados pelo candidato, em sua maioria compostos por noticiários de jornais das cidades de Recife e do Rio de Ja-neiro, além de entrevistas. Com base nestes dados o professor Francisco Nascimento contou a História de vida de Benjamin Santos, dramaturgo piauiense que, nos anos 1970, viveu entre as cidades de Recife, Rio de Janeiro e Paris produzindo peças que foram sucesso de crítica e de público, a exemplo da peça "Cantochão".

Além de aprovar unanimemente o trabalho, a banca ainda o indicou para publicação, em razão da "profunda revisão crítica da história da moderna dramaturgia brasileira que a pesquisa promove", segundo afirmou o professor Edwar Castelo Branco, vice-reitor da Ufpi, que participou da banca. A professora Ana Maria Mauad, da UFF, assumiu pessoalmente a incumbência de negociar a publicação da obra em consórcio com a ANPUH (Associação Nacional de História) do Rio de Janeiro. Para ela, "o trabalho amplia significativamente o conhecimento que nós temos da história do teatro brasileiro e não pode ser privado de ser conhecido por um público mais amplo".

Além da vitória pessoal do professor Francisco Nascimento e de seu orientador, o trabalho também confirma o sucesso que a UFPI vem obtendo com os doutorados Interinstitucionais. No presente caso, num espaço de pouco mais de três anos, foram formados cinco novos doutores em História no DINTER firmado entre a UFPI, a UFF e a UESPI. De acordo com o coordenador local, professor Alcides Nascimento, "os objetivos traçados para o programa estão sendo atingidos antes mesmo do prazo previsto. Isto repercute na qualificação rápida de nossos colegas e aumenta o prestígio da UFPI junto a outras universidades, que certamente não terão medo de celebrar novos convênios semelhantes conosco".

O vice-reitor da Universidade Federal do Piauí, Edward Castelo Branco, que participou da banca de avaliação da tese de doutorado do professor Francisco, aplaude o trabalho e diz ser um orgulho para instituição. "O trabalho do professor Francisco de Assis é motivo de orgulho para nós e foi aprovado com louvor porque ele ressurgiu o teatro de dialógico (não se caracteriza por ser de esquerda ou de direita) do Nordeste com uma obra de um autor que eu não conhecia, o Benjamin Santos. Eu fiquei assim; como é que pode, eu, doutor em história, não conhecer? Quando se fala em teatro no Brasil na contemporaneidade só se fala em grupo de oficina e de opinião, uma coisa muito restrita ao eixo Rio- São Paulo. E quando se fala em nordeste todo mundo só lembra-se de Ariano Suassuna e do Teatro Popular do Nordeste. Para se ter uma idéia do bom trabalho de pesquisa, logo após a aprovação outros doutores que estão na banca sugeriram a publicação da tese", disse orgulhoso o vice-reitor.

Ele ainda ressalta o bom currículo do recém-doutor da Universidade Federal. "O currículo de Francisco é invejável. Antes desta conquista já possuía mestrado em história e graduação em pedagogia", ressalta.



Diário do Povo