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15/04/2025 - 17:22Espetáculo será encenado também em Várzea Grande e Colônia do Piauí nos dias seguintes
Ciclos intermináveis de internações, suicídio ou a sobrevivência em prisão perpétua. Essas e outras situações de angústia são mostradas sem máscara no do-cumentário "A casa dos mortos". Depois de participar do Festival "É tudo Verdade", que aconteceu entre os meses de março e abril em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, o curta-metragem será lançado em Teresina, na próxima quinta-feira, 7, no auditório do Instituto Camilo Filho.
O documentário de autoria e direção da professora Dra. Débora Diniz, antropóloga da UnB, traz Jaime, Antonio e Almerindo, comoo protagonistas e que mostram, cada um com sua sina, a realidade macabra dos manicômios judiciários do país. O evento é uma realização da Sociedade Brasileira de Bioética Regional do Piauí, no trabalho de apoio ao Curso de Especialização em Bioética e Direitos Humanos, promovido pelo Instituto Camilo Filho (ICF) e Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero/ANIS/DF.
Durante 24 minutos, o documentário mostra internos que sobrevivem ou morrem em um presídio psiquiátrico em Salvador (BA). Estes se tornam os narradores de "A Casa dos Mortos", produção da Universidade de Brasília selecionada para concorrer na categoria curta-metragem do festival internacional "É Tudo Verdade" (o mais influente da América Latina). O título do filme se refere a internos que morrem na instituição, seja por doença ou suicídio, e aqueles que simplesmente deixam de viver: abandonados, sedados, sem perspectivas ou futuro. Muitas vezes sequer têm consciência de quem são.
A descrição feita pela antropóloga, do estado deplorável dos manicômios judiciários, caiu no gosto da crítica que diz que poucas vezes um filme conseguiu em vinte e quatro anos, expor a situação de forma tão arrebatadora.
A editora internacional do "Jornal Hoje", da Globo e especialista em documentários pela Universidade de Londres, Maria Cleidejane Esperidião, diz que Debora Diniz, abandona qualquer tentativa didática de denunciar a falência do estado em seu modelo de custódia, por meio de entrevistas com "autoridades" no assunto. Ela coloca ainda que é curioso a maneira com que a antropóloga prefere se despir de julgamentos excessivos para apostar numa narrativa tão corajosa.
O filme de 24 minutos é narrado pela voz imponente de Bubu, um escritor com 12 internações em manicômios, que recita um poema de autoria própria. Ao fim de cada estrofe, a explicação sobre onde ocorrem "mortes sem batidas de sinos", "overdoses usuais e ditas legais" e "vidas sem câmbio lá fora". "É que aqui é a casa dos mortos!", esclarece Bubu.
A antropóloga Debora Diniz começou seu projeto a convite do Ministério da Saúde, em 2006. Especialista em bioética de referência internacional, visitou vários hospitais de tratamento de custódia pelo Brasil. Em Salvador, recebeu carta branca para documentar, durante três meses, o relato de detentos.
O evento para lançamento do documentário é aberto ao público em geral, como parte do trabalho de socialização do conhecimento bioético. Após a exibição do documentário haverá conferência e debate com a participação da antropóloga Débora Diniz.
Diário do Povo