
Opinião: Nove ponto zero
Por Ferrer Freitas (*)
É comum dizer-se a idade de alguém que chega aos 90 anos como está no titulo. Se for além, para alegria ainda maior de parentes e amigos, diz-se que aquele ser já passou da casa dos 90. Se lúcido e sem problemas de saúde, ainda melhor, como ocorreu com minha (e de mais 10 filhos) saudosa Mãe Lilásia Freitas, musicista do grupo Bandolins de Oeiras, que não só chegou mas viveu ainda dois anos, 92 portanto. Mesmo em idade avançada era exímia na arte de bordar à máquina, sobretudo com bastidores.
Pois bem. Para alegria de muita gente de Oeiras, terra querida, uma grande mestra dos tempos do glorioso GMO (Ginásio Municipal Oeirense), Amália do Espírito Santo Campos, chegou no último sábado, 10, aos 93 anos, lúcida e, o que é melhor, vendendo saúde. A inserção no seu nome do “Divino Paráclito” (Espírito Santo) é por conta da devoção ardentíssima da mãe, dona Bembém, Maria de Jesus de batismo. Seu pai, que nós todos lá de casa chamávamos de tio Joel, era um ser humano como poucos conheci. Estava sempre de bom humor e, se não estou enganado, também passou dos noventa.
Agora, que fazer para chegar e passar dos 90 anos? Difícil responder! Talvez seja preferível falar de boas lembranças que cada um guarda, como a que citarei mais à frente com a minha homenageada ocorrida nos já longínquos anos sessenta no Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa, onde vivi cerca de 12 anos. Antes vale a pena transcrever parte da letra de samba antológico de nome “Sei lá Mangueira” do carioca Paulinho da Viola: “...a vida não é só isso que vê. É um pouco mais!/que os olhos não conseguem perceber /e as mãos não ousam tocar/e os pés recusam pisar!”
Jamais esquecerei, dona Amália no Rio, de uma ida nossa a um bar-restaurante da moda de nome Bierklause. Em nossa companhia sua mana Rita, de saudosíssima memória, e o caríssimo Geraldo Lemos, também oeirense, meu colega dos tempos do GMO, atrás citado. Ficava situado, se não me falha a memória, na Praça do Lido, Copacabana. Tudo lá era adaptado ao estilo alemão, com garçons vestidos a caráter, bandinhas de música e, como não poderia deixar de ser, um chope inigualável! Foi uma noite e tanto! O encontro tinha o registro em foto que não sei, lamentavelmente, onde meti.
Finalmente, sem querer me alongar, gostaria de enviar a dona Amália do Espírito Santo Campos os meus cumprimentos e os votos por muitos anos ao lado das manas Auristela (Mirista) e Alice, doces criaturas.
(*) Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras