
Outra batalha de Itararé

(*) Por Benedito Amônico
Itararé é uma cidade do Estado de São Paulo, de cerca de 50 mil habitantes, distante pouco mais de 300 quilômetros da capital, situada na fronteira com o Paraná. Passou pra história como provável palco de sangrenta batalha que se travaria entre as forças legalistas, fiéis ao presidente Washington Luiz, e a Aliança Liberal, comandada por Getúlio Vargas, isso na Revolução de 1930. Não houve a batalha e, a partir daí, qualquer evento que se prenuncie violento e não ocorra, é considerado uma “batalha de Itararé”.
O intróito vem a propósito da celeuma criada de que a Coca-Cola estaria pretendendo criar um refrigerante nos moldes e sabor da cajuína que, mesmo com a rima rica do Caetano (“cajuína cristalina em Teresina”) não foi inventada (talvez fosse melhor dizer criada) por um piauiense e sim por um baiano que até já morava no Ceará.
Seria o “Crush Cajuína”. Foi um Deus-nos-acuda, levando muita gente que escreve a deblaterar e a se preparar para uma batalha, com unhas e dentes, pelo produto que, só então vim a saber, depois de comentários de pessoas dos Estados do Ceará e da Bahia, não ser genuinamente nosso. Levantaram a questão , mas esqueceram de dizer que foi Sônia Terra (por onde anda?) que pediu ao Conselho de Cultura parecer com vistas a transformar a bebida “patrimônio cultural do Piaui”.
Mas a coisa chegou ao Congresso Nacional, o que levou os representantes do império americano no Brasil a mostrar, com a pressa possível, o rótulo da bebida. Tratava-se de mais uma gororoba de nome “crush” (já houve esse produto há muitos anos) “sabor cajuína e guaraná”. Ah!, respiramos aliviados. Aqui não, violão! Ainda acrescentaram nas satisfações dadas, que o rapaz da arte do rótulo da bebida havia cometido um equívoco: colocara “sabor cajuína” ao invés de “sabor caju”.
Satisfações apresentadas, satisfações aceitas! Agora resta-nos continuar nossa labuta diária, sem preocupações, com nosso calor dos meses “b r ó s”, o trânsito de Teresina de muitos carros e poucas ruas, e outras coisas, só nossas! Em Oeiras, minha terra, é esperar a próxima eleição pra ver se os “tupamaros” retomam o poder ou se os “bocas-pretas” continuam à frente da municipalidade, como se dizia antigamente. E a vida continua.
(*) Benedito Amônico é aposentado do BNB