
Perda Irreparável

(*) Ferrer Freitas
Morreu na madrugada de 24 de dezembro, por volta de duas horas, a querida amiga Maria do Rosário Lemos, aos 82 anos. Musicista integrante do grupo BANDOLINS DE OEIRAS, Rosário Lemos, como era conhecida de todos, padecia de problemas coronarianos desde os anos oitenta, quando foi submetida a cirurgias. Numa dessas, adrede para a colocação de marca-passo, cheguei a visitá-la ainda dentro de UTI, no Hospital São Marcos, quando precisei, para ter acesso, adequar-me de modo a evitar infecções. Lembro que na ocasião ela balbuciou, com dificuldade, algumas palavras, poucas, mas que calaram fundo em mim: “eu sabia que você vinha!”
Sua participação nos BANDOLINS DE OEIRAS vinha da formação original, organizada para as comemorações dos 250 anos da Catedral de Nossa Senhora da Vitória, ocorridas em agosto de 1983, sob a coordenação e regência da maestrina Celina Martins. Tal foi o sucesso que no ano 2000, sob os auspícios do Governo do Estado, à frente a Fundação Cultural do Piauí (FUNDAC), o grupo musical que, além dela, já contava com Lilásia Freitas, minha querida mãe, que completou 91 anos no dia 4 de dezembro, dona Petinha Amorim, que chegou aos 90 e mereceu crônica minha, Zezé Cabeceira, que está prestes a chegar, e Antonieta Maranhão, a mais nova, com seus setenta e poucos, gravou um CD de choros e valsas. Participaram músicos consagrados como Júlio Medeiros, na qualidade de coordenador, Anderson Nóbrega e Geraldo Brito, além de Tom-Chico e Josué Ferreira, estes dois últimos residentes em Oeiras. Para brilho maior, contou ainda com o acordeonista cearense Adelson Viana, aquele mesmo que sempre acompanha Fagner em shows, participação gravada em estúdio de Fortaleza. Seu encontro com as bandolinistas deu-se em Teresina, posteriormente, no festival “Artes de Março” que o Armazém Paraíba promove, anualmente, no Teresina Shopping,
Em junho de 2004, o grupo participou do Festival da Tríplice Fronteira, com apresentações em cidades argentinas, como foi o caso de Puerto Iguazú. Logo em seguida foi agraciado com a Medalha do Mérito Cultural e chegou a se apresentar no programa do Jô Soares. Rosário era irmã dos queridos amigos Francisco Xavier e Benedito Geraldo Lemos, os três, filhos dos oeirenses Gerson e dona Marica Lemos. Xavier reside, há muitos anos, na cidade de Caruaru, Pernambuco, e Geraldo, no Rio de Janeiro, desde o final dos anos cinqüenta, para onde foi após concluir, tendo-me como colega de turma, o curso ginasial no glorioso e inesquecível Ginásio Municipal Oeirense. Um pouco mais velho que eu, “G”, como muitos o tratam, foi, durante os doze anos em que residi no Rio, um dos mais caros amigos que tive. O falecimento de Rosário Lemos é uma perda irreparável para Oeiras.
(*) Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras