
Reunião em Teresina discute retomada do Festival de Cultura de Oeiras
08/05/2025 - 12:28Encontro fortalece articulação para retomada deste tradicional Festival na cidade.
Desde que terminou sua participação na minis- série "Alice", da HBO, que codirigiu com Karin Aï-nouz, Sérgio Machado se instalou em Salvador, de volta às origens - é baiano -, para preparar as filmagens de "Quincas Berro d'Água". Foi mais de um ano de preparativos - exatamente, um ano e dois meses. Na sexta-feira (13), as filmagens finalmente começaram. Na primeira cena filmada, Ma-rieta Severo, como Manuela, a prostituta 'espanhola' do Pe-lourinho, sobe na torre e ameaça se jogar, ao saber da morte de Quincas. Sérgio Machado admite que nunca se preparou tanto para um filme. Mas ele também reconhece que nunca fez nada tão grande. "Quincas é o dobro de Cidade Baixa", ele resume, referindo-se ao longa precedente.
Quincas, que será distribuído pela Buena Vista, é a primeira parceria da Videofilmes com a Globo Filmes. Não apenas seu orçamento é mais elevado que o de "Cidade Baixa" - o dobro, R$ 6,5 milhões -, co-mo o novo filme multiplica por dez os personagens de Wagner Moura, Lázaro Ramos e Alice Braga no anterior e o número ainda não dá conta da quantidade de figuras importantes da trama. Quincas é Paulo Jo-sé, Manuela é Marieta e também estão presentes Mariana Ximenes, Vladimir Brichta, Milton Gonçalves e muitos outros.
"Fiz dezenas de testes para selecionar o elenco", resume o diretor, que entrevistou astros, estrelas e também gente desconhecida, mas talentosa, todo mundo buscando um papel na adaptação do romance de Jorge Amado. Como sempre, Machado fez um trabalho de preparação do elenco - com Fátima Toledo.
"São atores de várias procedências e eu tenho aqui mui-tas cenas de ação, de lutas. Fátima me garante uma unidade antecipada de interpretação, e isso é fundamental para mim." Adaptar "Quincas Berro d' Água" era um sonho antigo do diretor. Sua admiração por Jorge Amado beira a devoção. "Ele foi um verdadeiro pai para mim. Quando lhe mostrei meu primeiro curta, Jorge botou fé no meu trabalho. Foi quem me apresentou Walter Salles. Jorge foi uma figura tão referencial em minha vida que dei o nome dele ao meu fi-lho." Não faz muito tempo, Sérgio Machado foi convidado a escrever um texto sobre Jorge Amado - e "Quincas" - numa revista especializada de literatura.
Houve uma enquete para determinar a obra-prima do escritor e "Quincas" saiu vitorioso.
A OBRA - É o maior romance do escritor, embora outros possam ser mais populares - os casos de seus perfis de mulheres, Gabriela, a de cravo e canela, e Tieta, a do agreste. Da mesma estatura de "Quin-cas", só "Os Velhos Marinheiros", que Ricardo Bravo, diretor de "Oriundi", com Anthony Quinn, queria filmar (e com o astro de Hollywood, também apaixonado pelo livro). "Tenho a impressão de que tudo o que fiz antes me trouxe a 'Quin-cas'", diz Machado. Por 'tudo', ele quer dizer o documentário Onde o Mundo Acaba, sobre Mário Peixoto, o lendário autor de "Limite", e a ficção "Cidade Baixa". No centro do ro-mance está o tema da morte e Machado admite sua dificuldade para lidar com o assunto.
"Sei que a morte é inevitável e não me assusta tanto a ideia de que vou morrer. O que me angustia é a morte dos outros, a possibilidade de perda das pessoas queridas. Lido muito mal com isso", conta, com toda honestidade, o diretor. "A Morte e a "Morte de Quincas Berro d'Água" surgiu em 1958, misturando sonho e realidade num relato nitidamente imbricado no realismo mágico. Conta a história de Joaquim Soares da Cunha, que foi funcionário público, pai e marido exemplar até o dia em que se aposentou do serviço público. A partir daí, jogou tudo para o alto - tradição, família, respeitabilidade e caiu na malandragem, no alcoolismo e na jogatina, trocando a vida familiar pela convivência com prostitutas, bêbados, marinheiros, jogadores e pequenos meliantes e contraventores da ralé de Salvador.
Diário do Povo