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Sem recursos, 13 hospitais filantrópicos do Piauí podem fechar
As entidades fizeram uma paralisação nesta terça-feira (19) dos serviços chamando atenção para o descaso.
Por: Da Redação em 21/04/2022 - 18:37
A Confederação Nacional das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CBM) tem percorrido diversos hospitais filantrópicos do Brasil para avaliar a situação dessas unidades, que passam por um colapso e correm o risco de fechar as portas. No Piauí, a situação não é diferente. Nesta terça-feira (19), o setor filantrópico realizou uma paralisação dos serviços prestados pela rede hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS).
Os gestores requerem a alocação imediata de R$17,2 bilhões anuais para o equilíbrio econômico e financeiro no relacionamento com o SUS. Caso não sejam adotadas políticas imediatas, consistentes, de subsistência para estes hospitais, dificilmente suas portas se manterão abertas para servir a população carente. No Piauí, há 13 instituições filantrópicas.
Segundo Joaquim Almeida, diretor executivo do Hospital São Marcos e presidente da Federação das Santas e Hospitais Filantrópicos do Piauí, alguns hospitais piauienses recebem os repasses do SUS três meses após a prestação do serviço.
“Como que um hospital vai sobreviver recebendo de uma forma tão atrasada seu pagamento? Há municípios no Brasil que só existe um estabelecimento para atender a população, e é uma santa casa. O que está sendo colocado em xeque não é só a rede de filantropia, é o próprio SUS. A tabela do SUS que há mais de 15 anos não é reajustada, e isso está provocando problemas terríveis e não há mais como sustentar essa situação”, disse.
O diretor executivo do São Marcos comenta que o Congresso Nacional está aprovando o novo plano de salário do setor de Enfermagem, e isso pode sufocar ainda mais a rede de hospitais filantrópicos. Ele explica que, com a tabela do SUS defasada e a falta de recursos, seria inviável o aumento salarial da categoria.
Paulo Cruz, diretor-geral do Hospital São Carlos Borromeo, recebeu os representantes da CBM e lamentou a situação que os hospitais filantrópicos estão enfrentando, e como a falta de recursos pode impactar no atendimento oferecido à população. O hospital fica localizado no bairro Pedra Mole, zona Leste de Teresina, há 29 anos. A unidade de saúde é porta aberta, atendendo a população com serviços de urgência e emergência e através da regulação, com cirurgias pediátricas. Em 2021, o Hospital São Carlos Borromeo atendeu 82.903 pessoas. Em anos anteriores à pandemia, o número superou os 140 mil atendimentos de pessoas do Pedra Mole e adjacências.
“Vivemos 100% da filantropia, mantidos com a tabela do SUS, e a cada ano o recurso diminui mais devido a inflação, e isso impacta negativamente no serviço que a gente realiza, que é todo gratuito. Trabalhamos diuturnamente no atendimento da população carente, sem cobrança e tendo um atendimento de qualidade. Como manter uma atividade tão essencial para a comunidade com tanto defasagem?”, relata.
70% dos casos de alta complexidade são atendidos por hospitais filantrópicos
No Brasil, a rede de filantropia, de hospitais filantrópicos e de santas casas representam 50% da média complexidade do SUS, e 70% da alta complexidade. Ao todo, são mais de 1.800 hospitais, que dispõe de 26 mil leitos de UTI e 126 mil leitos.
Dentre as 13 instituições filantrópicas piauienses, está o Hospital São Marcos, que atende 98% dos casos de pacientes com câncer, tanto de pacientes oriundos do Piauí quanto de outros estados, e acumula um déficit financeiro mensal de aproximadamente R$2,2 milhões. Joaquim Almeida, diretor executivo do Hospital São Marcos e presidente da Federação das Santas e Hospitais Filantrópicos do Piauí, conta que foi feito um contrato provisório de quatro meses, mas que este encerra no dia 30 de abril deste ano.
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“Graças ao empenho do Ministério Público Federal, foi feito um contrato provisório de quatro meses enquanto continuávamos a discussão do déficit, que é em torno de R$2,2 milhões por mês, mas não temos nenhuma segurança de que este contrato será refeito. A Associação não tem condições de bancar, e pedimos a complementação por parte da prefeitura quanto por parte do Estado. Temos que entender que o SUS é tripartite (União, Estado e Município) e nós só recebemos a verba do Governo Federal. E estamos mostrando que o Estado e o Município tem que participar disso. Nós vamos fechar se não resolvermos o problema. Se não tivermos uma consciência por parte dos nossos gestores do que está acontecendo, nós vamos ter umas tragédia dentro do Estado do Piauí e vai se estender para todo o Brasil”,
Confira a relação das entidades filantrópicas do Piauí
1 - Fundação Hospitalar Joaquim Simeão Filho - Marcolândia
2 - Associação Beneficente de Amparo Médico Hospitalar - Paulistana
3 - Sociedade Beneficente São Camilo - Pedro II
4 - Instituto Praxis de E. C. E Ação Social - Parnaíba
5 - Sociedade de Proteção e à Infância (Marques Bastos) - Parnaíba
6 - Santa Casa de Parnaíba - Parnaíba
7 - Sociedade de Proteo e Infância de Campo Maior - Sigefredo Pacheco/Campo Maior
8 - Fundação Pe Antônio Dante Civiero - Funaci - Teresina
9 - Clínica Batista Peggy Pemble - Teresina
10 - Rede Feminina Estadual de Combate Câncer - Teresina
11 - Associação Piauiense de Habilitação, Reabilitação e Readaptação - Ceir - Teresina
12 - Associação Piauiense de Combate ao Câncer Alcenor Almeida - Teresina