
Uma cuspida na cara da escuridão
Cheguei à conclusão que homens de caráter valem pela sua sensatez e não pelos títulos jubilosos e muito menos pelos preitos de honradez que a eles são devotados, pois tais heróis, não passam de seres místicos que fez algo na hora certa e no tempo certo, caso contrário, outros os faria. Por isso, que a maioria dos homens é tomada pela falsa humildade, que de fato os fazem orgulhosos.
Mas não é disso que quero falar, mas sim fazer uma analogia desse tipo de homem como o que li num informativo. Agora, onde tal senhor em solene noite festiva foi agraciado com honroso troféu, mas ate ai tudo bem, o problema é que o mesmo foi desdenhado pelo atendimento do garçom. Pobre moço! Ineficiente atendente afro descendente, talvez, quem sabe, o infeliz garçom não tivesse deslumbrado com aquela plêiade. Todavia, foi reclamado pela falta de atenção e como merecido castigo foi recrutado a segurar uma garrafa de vinho durante toda a noite, servindo aqueles senhores ofendidos pelo mau atendimento, no dizer do autor do texto contido no tal informativo, foi um cuspe na cara da escuridão.
É meu caro poeta! Um cuspe bem dado na cara da história, que mais uma vez se repetiu evidenciando que o tempo passa e os homens permanecem os mesmos, que se vangloriam de seus títulos e esmagam com sua superioridade os outros, no dizer no pensador Cícero: ”O homem nunca deve humilhar a ponto de se esquecer que é homem”. Ao contrário de cuspir muitas vezes na cara da escuridão, seria bem melhor penetrar nesse negrume em buscado seus próprios conceitos e concomitantemente, recolher-se a mais humilde insignificância e perceber o quanto se é humano.
Contudo, cuspir na cara da escuridão é de fato rememorar os fantasmas fétidos de nossa história, o autor do texto a meu ver foi por demais infeliz em tê-lo escrito, pois como certa vez asseverou Nelson Rodrigues; “Sempre digo que a pior bofetada é o som. Se fosse possível uma bofetada muda, não haverá ofensa, nem humilhação”. Bem sei que nós seres humanos somos muito diferentes, mas massagear o ego “cuspindo na cara da escuridão”, é por demais, poeta, um eufemismo retrógado.
* Júnior Vianna é historiador