
Crônica de uma família abençoada

*Por Lameck Valentim
Dentre todas as pedras preciosas, o diamante sem dúvida é o "Rei". Um diamante polido, engastado num anel ou colar, ou até numa coroa real, é uma joia belíssima; além disso, seu preço é muito alto.
O diamante é conhecido por ser a pedra mais dura e mais resistente. A palavra "diamante" é derivada de uma palavra grega que significa "inconquistável". Essa pedra não pode ser riscada por nenhum outro mineral ou substância, exceto o próprio diamante.
Os antigos o chamavam de pedra do sol, devido ao seu brilho faiscante, e os gregos acreditavam que o fogo de um diamante refletia a chama do amor. Sugere, portanto, a força e a eternidade do amor.
E é a figura desta pedra magna e soberana que me vem à mente quando penso neste dia tão especial para nós, em que comemoramos os 60 anos de uma história abençoada por Deus.
Mas qual será o segredo dos casamentos duradouros? Casais que convivem há anos falam de paciência, renúncia, compreensão. Em verdade, cada um tem sua fórmula especial. Recentemente lemos as anotações de um escritor, as quais achamos deveras interessante. Ele afirma que um bom casamento deve ser criado. No casamento, as pequenas coisas são as grandes coisas. É lembrar de dizer "eu te amo", pelo menos uma vez ao dia. É nunca ir dormir zangado com o outro. É ter valores e objetivos comuns. É estar unidos ao enfrentar as adversidades. É formar um círculo de amor que una toda a família. É proferir elogios e ter capacidade para perdoar e esquecer as flatas do outro. É proporcionar uma atmosfera onde cada qual possa crescer na busca recíproca do bem e do belo. É não apenas casar-se com a pessoa certa, mas procurar com todas as forças ser o companheiro perfeito.
E para ser o companheiro perfeito é preciso ter bom humor e otimismo. Ser natural e saber agir com tato. É saber escutar com atenção, sem interromper a cada instante. É mostrar admiração e confiança, interessando-se pelos problemas e atividades do outro. Perceber o que o atormenta, o que o deixa feliz, por que está aborrecido. É distribuir carinho e compreensão, combinando amor e poesia, sem esquecer galanteios e cortesia. É ser o apoio diante dos demais. É ter cuidado no linguajar, é ser firme, leal. É ter atenção além do trivial. É cultivar o desejo constante de superação. É responder dignamente e de forma justa por todos os atos. É ser grato por tudo o que um significa na vida do outro.
O amor real, por manter as suas raízes no equilíbrio, vai se firmando dia a dia, através da convivência estreita. O amor, nascido de uma vivência progressiva e madura, não tende a acabar, mas amplia-se, uma vez que os envolvidos passam a conhecer vícios e virtudes, manias e costumes de um e de outro. O equilíbrio do amor promove a prática da justiça e da bondade, da cooperação e do senso de dever, da afetividade e advertência amadurecida.
O sonho de 60 anos atrás de construir uma família iniciou no dia 14 de outubro de 1952, quando vocês disseram “sim” para o sacramento do matrimonio.
Ai houve a vitória do amor.... O amor que venceu os desafios, as diferenças e os obstáculos, que não foram poucos!!!!
Dona Maria José tinha 14 anos e Seu Antônio Carlos, 19, quando na igreja disseram:
" Antônio Carlos, eu te recebo por meu marido e prometo amar-te e ser-te fiel durante toda a minha vida e em todas as circunstâncias... "
"Maria José, eu te recebo por mulher e prometo amar-te e ser-te fiel durante toda a minha vida e em todas as circunstâncias..."
Hoje, a minha mãe com 74 anos e o meu pai com 79 anos continuam apaixonados um pelo outro.
Nestes 60 anos de vida em comum, estruturaram solidamente uma relação de amor, compreensão, respeito, cumplicidade e tolerância que não é fácil encontrar entre casais.
Nunca ouvi a minha mãe criticar ou recriminar o meu pai... pelo contrário, sempre a vi "desculpar" e "aceitar" algumas das suas concepções mirabolantes, procurando a palavra certa para justificar mais uma "ideia" do seu Antônio Carlos!
Nunca vi, nestes 60 anos de casados, os meus pais ficarem zangados mais do que cinco minutos, nunca os vi carrancudos, sérios, sem falarem um com o outro.
São um exemplo a seguir... Quanto orgulho sentimos por isso! Antônio Carlos e Maria José durante estes 60 anos formaram um elo inquebrável! Souberam manter através do amor e da sabedoria os votos que fizeram naquele 14 de Outubro de 1952.
O compromisso por eles assumido foi sempre respeitado, porque sempre houve observância de que "O Sacramento do Matrimônio é um vínculo ou laço indissolúvel que une os cônjuges diante de Deus e da comunidade; é uma graça especial que torna a vida de amor entre os esposos e seus filhos um ato de culto a Deus e lhes dá a força de vencerem as dificuldades, se santificarem e educarem os seus filhos."
E dessa admirável união, nasceram cinco filhos: Francisco Carlos, Carlos Jônatas, Carlos Amado, Carlos David e Carlemita, agregando ainda com Raimunda, Betinha e Lameck.
Francisco Carlos, carinhosamente conhecido por Assis, lhes deu os netos: Júnior, Victor, Priscila e Patrícia e um bisneto: Daniel.
Amado gerou: Lameck, Keila, Carlos José, Naasson, Liliane, Amado Júnior, Amanda e Ana Carla, e os bisnetos Rebeca, Mateus e Ruth.
Já Jônatas gerou Rayzza, Rannice, Rayce e Samuel.
David: Renato e Átila.
Carlê: Éber, Karla e Amanda e os bisnetos Jaques e Júlia.
Betinha teve: Naara, Natan e Nathaly.
Completam ainda a família: Joseni, Vera Lúcia, Janine, Alzirene, Rogério, Eudra, Paulo, Sara, Daniela e Erzilene.
Uma família multifacetada, alegre, divertida. Não somos uma família perfeita. Somos uma família abençoada. Seu Antônio Carlos e dona Maria José, podem dizer com orgulho: eu minha casa servimos ao Senhor.
A vocês, que nos deram a vida e nos ensinaram a vivê-la com dignidade, não bastaria um obrigado.
A vocês, que iluminaram os caminhos obscuros com afeto e dedicação para que os trilhássemos sem medo e cheios de esperanças, não bastaria um muito obrigado.
A vocês, que se doaram inteiros e renunciaram aos seus sonhos, para que, muitas vezes, pudéssemos realizar os nossos.
A vocês, pais por natureza, por opção e por amor, não bastaria dizer, que não temos palavras para agradecer tudo isso. Mas é o que nos ocorre agora, quando procuramos arduamente uma forma verbal de exprimir uma emoção ímpar. Uma emoção que jamais seria traduzida por palavras. De todo coração, de toda alma, nosso muito, muito obrigado!!!
E assim, como são saudados os grandes personagens da história, peço a todos uma calorosa salva de palmas para este casal abençoado.
*Lameck Valentim por ocasião das Bodas de Diamante dos seus pais/avós Antônio Carlos e Maria José em 13 de outubro de 2012.