
Dividir para crescer?

(*) Por Moisés Reis
As potencialidades da região sul do Piauí já são conhecidas de todos os piauienses. Anos a fio vêm sendo cantadas em prosa e verso. Antigamente eram destacadas as riquezas do Vale do Gurguéia. De algum tempo para cá é recorrente a assertiva de que a “terra prometida” está situada na extensa faixa formadora dos chamados cerrados piauienses. Acrescente-se a esses favores da mãe- natureza o fato de que a região detém um dos maiores lençóis freáticos da América Latina.
Entretanto, com todos esses atributos, os governos nunca tiveram aptidão e competência para acelerar as medidas adequadas de exploração das riquezas naturais daquela parte do solo piauiense. Ali já há sensíveis sinais de desenvolvimento, mas muito longe do ideal. Não sem razão os moradores da região, com apenas um quarto dos eleitores, descrentes das ações governamentais, são os maiores incentivadores da divisão do Piauí, para criar um novo Estado, separando o sul (dois terços da porção física) deixando o lado centro-norte sob os domínios do Piauí de hoje.
O sentimento separatista, agora robustecido, é dominante em toda a região, há muitos anos, e com justa razão. Até bem pouco tempo quase nenhum investimento com recursos próprios do Estado era ali empregado. Interessava aos políticos as regiões mais populosas, e eleitoralmente mais fortes. Esse tratamento injusto deu vigor e força ao sentimento de abandono dos piauienses do sul. Eles sabem que o desmembramento daquela parte, com seus vales úmidos, terras férteis, água em abundância, ocorrências de minérios e grande produtora de grãos, bem administrada, será capaz de redimir o pouco caso que lhes fizeram tantos governos.
Haverá perdedores nessa divisão? Eis a grande questão a ser analisada. Hás os que afirmam que a separação só trará benefícios. Será? O assunto está em pauta e deve ser objeto do interesse de todos os piauienses. A divisão, se houver, se dará por definição e vontade dos piauienses, os mesmos que receberão os reflexos dessa medida. Há muitos argumentos a discutir, a favor e contra a iniciativa.
(*) Moisés Reis é advogado