
Louvação do que deve ser louvado

(*) Ferrer Freitas
Pois não é que o lorde e figura humana de escol, Adelino de Sá Rocha (Péricles Portela, meu primo, só o chama “Dilino”), chegou a “oito ponto zero” no último dia 20 do corrente! E apresso-me logo em dizer que a adjetivação que precede a notícia é aqui dita como verdade absoluta, sem nenhuma dúvida. Dele guardo boas lembranças, mesmo com uma diferença de idade em torno de 10 anos, permitindo-me, neste ensejo, narrar duas.
Como já disse outras vezes, cresci na Praça da Bandeira, parte de cima do espaço formado ainda pelo Passeio Leônidas Mello e os prédios do Cine-Teatro, Café Oeiras e Associação Comercial. Lá era o ponto de encontro da cidade. Tudo ali ocorria, sobretudo nas noites de quinta-feira e domingo, quando havia retretas da banda Santa Cecília no coreto. Como o Cine era o único auditório que a cidade dispunha, além da projeção de filmes e da apresentação do que chamávamos “dramas”, lá também eram realizadas palestras, sessões solenes e até as convenções dos partidos políticos. E é justo a ocorrida para o lançamento de sua candidatura a prefeito de Oeiras que nunca esqueço.
Com a morte do grande líder Augusto Rocha Neto, seu pai, no exercício do mandato de deputado estadual, o sucessor político natural, como não poderia deixar de ser, passou a ser ele. Para a eleição de 1958, as lideranças que acompanhavam Rocha Neto, também conhecido como Rochinha, confirmaram seu nome, à época, como se dizia, na casa dos 26 anos, para candidato a prefeito de Oeiras pelo Partido Social Democrático, o velho PSD de guerra. Fora criado na redemocratização de 1946 juntamente com a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Lembro da convenção ocorrida no Cine, acredito que numa noite de sábado, completamente tomado por simpatizantes e correligionários. De repente, todos se levantam e o recebem com aplausos efusivos e demorados. Esta é a primeira lembrança.
A outra é a da feliz coincidência de nosso encontro no Rio de Janeiro em março de 1962. Viajara para encontrar-se com o então deputado federal Laurentino Pereira Neto, visando tratar, entre outros assuntos, da aquisição de gerador a óleo para iluminação de Oeiras, já que a velha usina a lenha ficara totalmente obsoleta. Eu, com pouco mais de 20 anos, chegara à Cidade Maravilhosa a convite dos tios Dyonízio e Rita para estudar e, mais importante, trabalhar, conseguindo os dois intentos graças a eles. Íamos, eu, o Bena (Benedito de Carvalho Nunes) e Antônio de Passos Feitosa, os dois já falecidos, pelo Passeio Público, no meu primeiro domingo na cidade, quando avisto Adelino no meio do povo que ia e vinha. Com desmedida euforia aviso aos parceiros do que vira e, de pronto, corremos ao seu encontro. Foi demais! Fomos diretos para o Amarelinho, na Cinelândia, ali perto (continua no mesmo lugar), e passamos a entornar muitas tulipas de chope. Para maior alegria, ainda apareceu por lá o conterrâneo Irineu de dr. Benedito. Este, como Orlando de dr. Tarso gostava de dizer, “meteu o pé no jacá”, em outras palavras, saiu meladíssimo.
Vai aqui um grande abraço para o caríssimo Adelino de Sá Rocha, velho e querido Amigo!
(*) Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras