
Por que um prefeito que dá certo não pode ser candidato à reeleição?
Informou-se, ontem, em Teresina, que a direção estadual do PPS não aceita que o prefeito Antônio Portela Sobrinho desista de concorrer à reeleição em Oeiras. Segundo acordo firmado nas comemorações do 24 de Janeiro, Portelinha, como é conhecido na cidade, abrirá mão da candidatura para apoiar o filho do ex-prefeito B.Sá, Lukano Sá (PSB). O governador Wilson Martins se envolveu pessoalmente na costura do acordo.
Segundo Celso Henrique, presidente da executiva estadual do PPS, a direção do partido não foi sequer comunicada das negociações e vai cobrar explicações do prefeito Portelinha, que chegou ao poder após a queda do prefeito B. Sá (PSB), cujo mandato foi cassado por unanimidade, pelo Tribunal Regional Eleitoral, em 2010, sob a acusação de compra de voto.
Com a cassação de B. Sá, Portelinha assumiu a Prefeitura na condição de presidente da Câmara Municipal. Ele foi eleito para a Câmara no grupo do ex-prefeito. Tudo estava, portanto, em casa. Na eleição suplementar realizada em novembro de 2010, B. Sá lançou o filho Lukano como candidato a prefeito. Porém, a Justiça Eleitoral o considerou inelegível, por parentesco.
Sem outra alternativa, o ex-prefeito apoiou a candidatura de Portelinha, afinal vitorioso. Na disputa bipolarizada pelos
tradicionais grupos políticos do município - os “bocas-pretas”, partidários de B. Sá, e os “tupamaros”, seguidores dos Tapety – Portelinha venceu Aleksandra Tapety (PMDB). Ele obteve 10.668 votos (52,25%), contra 9.748 votos (47,75%) da adversária.
Mesmo fora da Prefeitura, pois exerce desde o início do governo Wilson Martins o cargo de secretário especial do Piauí em Brasília, B. Sá quis mandar mais que o novo prefeito. No final do ano passado, a medida do prefeito encheu e ele demitiu de sua equipe todos os auxiliares ligados a B. Sá, decretando o rompimento entre os dois. Na festa oeirense da Independência, quando o governo do Estado se instalou oficialmente em Oeiras para comemorar a data, Portelinha foi enquadrado. Com a faca na garganta, desistiu da candidatura e concordou em apoiar o filho do ex-prefeito.
Desde então, o que mais se pergunta nas esquinas, botecos, praças e alcovas de Oeiras é: por que um homem humilde, pobre, eleito prefeito pelo voto popular, que coibiu desmandos, equilibrou as finanças públicas, recuperou a credibilidade da gestão municipal junto aos funcionários e que não responde a nenhum processo por malversação de
recursos públicos, é obrigado a renunciar ao legítimo direito de pleitear a reeleição.