
Tributo a uma Grande Mulher: Ana Romana de Holanda Barroso

No livro do Eclesiástico a Sagrada Escritura nos revela uma verdade absoluta: “amigo fiel é poderosa proteção, quem o encontrou, encontrou um tesouro (Ecl 6, 14).”
Inspirada por essa palavra de sabedoria divina, e por sentir na pele os seus efeitos concretos, senti-me na obrigação de escrever esta mensagem discorrendo sobre este humano tesouro que a vida, generosamente, me fez encontrar: a amizade benfazeja de Dona Ana Barroso.
Discorrer, no entanto, sobre as qualidades desta amada, admirável e virtuosa senhora é demasiado impossível, visto que a profundidade de suas virtudes aliada à beleza interior de seu ser feminino, superam o que a real narrativa pode conter.
Seu porte sereno, sua ternura exposta, sua crível educação, sua vaidade singela, seu coração acolhedor e sua acendrada paz de espírito transcendem o que os nuances da recordação podem, de fato, registrar.
Sendo assim faço minhas, em aspas escritas, as palavras da escritora Cora Coralina que tão bem descreve o perfil, a bondade, a generosidade e o carisma personificado com que Dona Ana cativou o coração de tanta gente que em vida amou, serviu, educou e dignificou.
“Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa do outro mundo. É o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira e pura enquanto durar.”
Registrando, pois, a partida, o legado e a saudade desta grande amiga e buscando conforto à luz da fé, lembremos Eclesiastes numa passagem que diz: “Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus: tempo para nascer e tempo para morrer; tempo para plantar e tempo para colher o que foi plantado; tempo para sorrir e tempo para chorar; tempo para dar abraços e tempo para apartar-se ... (Ecle 3,1-8).”
Hoje, para Dona Ana é tempo para sorrir, tempo para descansar, para mergulhar nas belezas insondáveis que acreditamos, sem sofrimento e sem dor, pois na eternidade Deus prepara um lugar seguro e uma mesa farta para receber a todos que fizeram de sua existência terrena, tanto na luz quanto na cruz, uma oferta constante.
Para os familiares de Dona Ana e para nós que participamos de seu convívio fraterno-amigo, é tempo para recolher lembranças, chorar, sim; sentir saudades, também; mas é, sobretudo, tempo propício para rezar, ofertar e agradecer a Deus pela dádiva de sua luminosa presença entre nós. Temos a certeza de que o tempo jamais arrefecerá o amor e a amizade que Dona Ana despertou em todos, que como eu, tiveram o privilégio de conhecê-la.
Por fim, mergulhados nesta “Saudade que faz bem”, pensemos agora em Dona Ana refletindo uma estrofe de um poema de Cecília Meireles intitulado Motivo da Rosa, que bem descreve e sutilmente conforta o que ora sentimos.
“Não te afliges com a pétala que voa: também é ser, deixar de ser assim ... Ao longe o vento vai falando de mim. E por perder-me é que me vão lembrando. Por desfolhar-me é que não tenho fim.”
Que Deus, na magnitude insondável de seus mistérios e de seu amor misericordioso, presentei com a vida plena, Dona Ana Barroso, essa incansável guerreira da Imaculada, essa mulher extraordinária de virtudes múltiplas e de fé vivificada que cantou e encantou na esfera da existência humana “o amor caridade, dom maior, muito além ...”. E que o coração amantíssimo de Jesus e o regaço materno da Imaculada Conceição sejam para ela abrigo seguro, fonte de vida nova e deleite eternos. Amém !
Com saudade, gratidão e carinho,
Maria da Conceição Neiva Santos Barbosa e Família.
Oeiras-PI, 10/05/2012.