
Uma data em 'vermelho' no calendário de minha saudade

Por Dagoberto Carvalho Jr.
Reabro a agenda sentimental de minhas lembranças familiares e deparo-me com a data do centenário – nunca imaginei que o tempo, sem ela, passasse tão depressa - de Alina Rosa Ferraz Nunes Ferreira de Carvalho, minha mãe e amiga, inspiração e proteção de todas essas horas que se somaram na ampulheta do tempo.
A Oeiras do nascimento (porque natural da Fazenda Nova, Tanque, então município da velha-cap, hoje e já há algum tempo, cidade, também); onde foi professora e diretora do Grupo Escolar Costa Alvarenga, depois de formada e laureada pelo Colégio do Sagrado Coração de Jesus, Teresina, então mais conhecido e respeitado como das Irmãs (então, italianas) de Santa Catarina. O tempo de Simplício Mendes, cidade para onde meu pai fora nomeado Juiz de Direito, depois da longa experiência advocatícia oeirense de quase dez anos. A transferência da professora para o Grupo Escolar Álvaro Mendes, por onde iniciei (sempre com ela) a escolaridade que me fez passar - ali, também - pelo Instituto Imaculada Conceição. Longas temporadas de férias em Oeiras. Talvez, até de um ano inteiro e, naturalmente, no Costa Alvarenga e/ou nas sábias 'aulas particulares' de Dona Rego, na Rua Fogo, em frente da casa onde moraríamos depois, meu pai já titular da Comarca que seu telurismo sempre desejara.
Foi, também, professora da Escola Normal Oficial de Oeiras (depois, 'Presidente Castelo Branco'), desde o tempo em que funcionou no Colégio das Irmãs de Santa Teresa d'Ávila, então, instalado no antigo Palácio dos Presidentes da Província do Piauí (tempos distantes da capital em Oeiras), depois mais conhecido como Sobrado Major Selemérico.
Sempre ligada à Igreja, prendeu-se, desde cedo, ao Apostolado do Sagrado Coração de Jesus, da Catedral de Nossa Senhora da Vitória, de cuja presidência sua modéstia sempre afastou. Mesmo assim, liderou-o durante muito tempo; destacando-se (no âmbito do laicato), particularmente, pelo apego e apoio às Vocações Sacerdotais. Que o digam e testemunhem os padres que passaram pelo nosso Seminário Menor.
Gregária, apesar da modéstia, outro espaço que ocupou - sobretudo, como guardiã da sagrada memória oeirense -, foi o de sua intransigente defesa, sobretudo, no âmbito do Instituto Histórico de Oeiras, do qual foi Arquivista, Tesoureira e Vice-Presidente.
Oeiras, reconhecida, homenageia-a com nome de salas e fotografias no Museu de Arte Sacra e na sede da APAE locais.
24 de março de 2020