
Herói anônimo

* Por Sonália Costa Moura
”NA SABEDORIA TRAZIDA PELOS ANOS PODERIA PERDER SUA PRÓPRIA VIDA EM RAZAO DA VIDA DO PRÓXIMO.”
Após ler alguns textos reflexivos sem saber se aquelas histórias realmente aconteceram, ou se são, apenas lindas crônicas para despertar a sensibilidade. Pensei em escrever sobre alguém a quem eu admirasse e que tivesse uma lição para passar para frente;algo simples mais que tivesse um grande ensinamento.Cuja a história tivesse vivenciado de fato.
Então não poderia deixar de externar sobre esse grande homem que foi meu avô.Escrever sobre Antônio Vieira de Moura é como pintar um quadro e exteriorizar a complexidade do indescritível.
Em sua longa trajetória teve uma vida gloriosa,com a bravura de um vaqueiro desbravou terras e conquistou seu espaço sendo patriarca de uma família de 15 filhos.Que educou com sua saudosa esposa Antonia Vieira de Moura e juntos puderam trazer bons princípios e uma educação que nenhuma escola pode dar, pois ,amizade,simplicidade,união é algo que se adquire no dia-a-dia. Poderia escrever paginas inteiras de seu exemplo,mas,ressaltamos aquele que trouxe um profundo questionamento sobre o valor do outro, e que ele de fato foi um herói anônimo:
Certa vez, já com seus oitenta e poucos anos ao ir para roça como de costume, onde passava a maior parte do tempo,ele foi surpreendido por um enxame de abelhas, dessas que o esporão dói como na alma; e que juntas em um corpo parecem facadas,caíram em cima dele, ele, e o cercaram por todos os lados, ferroando todo o seu corpo;
Ao ver sua nora Irismar que por sinal era como uma filha pra ele. correndo em sua ajuda com um pano tentando tirar as abelhas ele simplesmente,pediu que ela se retirasse dali ,imediatamente,
---saia,corra , saia ,não fique aqui! E com gestos tentava pedir pra ela não se arriscar.Ele foi socorrido algum tempo depois, passou mal, levaram para Simplicio Mendes e muitos esporões,que estavam pelo seu corpo principalmente no pescoço,evidenciavam o inchaço e as dores !
Acredito que se eu tivesse passado por está situação com certeza Minha reação seria- Ajude-me me socorra faça alguma coisa,.olharia o meu próprio umbigo;já ele pensou no momento de agonia que já tinha vivido o bastante, mas sua nora ainda jovem não era para estar ali.Sabia respeitar a vida e não exigia muito dela.Uma sabedoria em atitudes que palavras nenhumas por mais belas que sejam poderiam traduzir. Esse ato de coragem e grandeza,e porque não dizer de sabedoria de quem considerou já ter vivido o suficiente, pensar verdadeiramente no outro ser capaz de perder a sua própria vida em razão da vida do próximo!
Quando ele faleceu neste ano em 2011. Poucos anos depois deste fato,aqui exposto;me falaram que ele já tava velhinho,já tinha vivido muito.Até compreendo e me consolo em saber disso,mas,o amor não tem medida,não tem idade e nem as pessoas vem com prazo de validade a dor e muito grande quando se perde um ente querido e ter chegado aos 99 anos 11 meses foi uma grande vitória sobre o tempo .
Em toda a vida nunca o viram reclamar de nada,nem das dores;nem da vida; a paciência sempre o acompanhou receita essa talvez de sua longevidade,e serenidade . A referência que trazemos aqui com certeza foge aos parâmetros de super heróis das historinhas em quadrinhos e dos filmes, mas, traz um homem simples, e digno dessa homenagem !
E você tem um herói dentro de casa? Um amigo ,pai, mãe, primo alguém que mostrou um sabedoria além da nossa compreensão!
Antonio Vieira de Moura meu herói!
*Sonália Costa Moura é professora de Língua Portuguesa