
No piauÃ, é assim: liseira só no cabelo, crise só de gargant
A mola do mundo
Dizem alguns que a mola do mundo é o dinheiro.
Ou eu não entendo de dinheiro ou quem diz isso não entende de mulher. A mulher, desde o tempo de Eva, passando por Cleópatra, Helena, Dalila, Maria, Isabel, Joana d´Arc até chegar na Débora Secco, Ivete Sangalo e descambando para a Stefany, sempre conduziu as rédeas do destino das coisas e das criaturas.
Por conta desta força tamanha, a mulher foi e é inspiração de poetas, pintores, cantores e outros artistas. Eles procuram traduzir em sua obra os sentimentos deles e dos outros homens pela mulher. E não é das tarefas mais fáceis definir, entender e tocar a alma de um ser de aparente fragilidade e de uma fortaleza insuperável em suas astúcias, ações e emoções.
Conquistar o coração de uma mulher é uma arte.
E já foi trabalho mais maneiro! Diz o Abelardo Carvalho que, no seu tempo de jovem na Piracuruca, ele andava com uma arma para arrebatar o coração das moçoilas casadoiras.
Era uma radiola em formato de maleta que funcionava com oito pilhas das grandes. Quando abria a maletinha, a tampa virava a caixa de som e a parte de baixo era o lugar de tocar o LP ou o compacto. Aà era só se prostar na janela do broto e abotoar uma página sonora do Roberto Carlos, solfejando a meio tom: "Eu tenho tanto pra te falar/ mas com palavras não sei dizer/ como é grande/ o meu amor/ por você..". Era peibufo!
Fogo e paixão
Se no tempo do Abelardo era broto, no meu já era gata. A minha tática era infalÃvel.
Primeiro, eu tinha que desgravar as fitas-cassete da mamãe só com música do Padre Zezinho com lenga-lenga de igreja e regravar com a trilha sonora para embalar os meus planos de conquista. Três músicas do cancioneiro popular não podiam faltar: "Fogo e Paixão", do Wando (Você é luz/ é raio estrela e luar/manhã de sol/ meu iá iá, meu iô iô/ voce é sim/ e nunca meu nao/quando tão louca/ me beija na boca e me me ama no chao...); "Rebôco da Parede da Paixão", do Carlos André (Ciúme, ciúme, ciúme louco/ rebôco da parede da paixão); e o "Toca-fita" do Bartô Galeno (O meu lado esta vazio/ vocêêê tanta falta me faz/ e cada dia que passa/ eu te amo, muito mais...).
Dando continuidade, roubava o fusquinha da mamãe para dar uns "currupio" e ia bater na porta da casa da gata. Pra me amostrar, chamava ela pra conversar no carro mesmo (naquele tempo era seguro) e deixava o toca-fita Roadstar, o da cara de prata, no volume mÃnimo, como quem tá fazendo uma trilha sonora de uma novela da Janete Clé. Cabelo lavado com Welapon, banhado com sabonete senador, um pingo de Men´s Club atrás de cada orelha, minâncora no suvaco, calça US Top amarrada com um cinto, com uma vistosa letra "D", camisa Pool comprada na Ocapana e um par de conga all color nos pés, eu me sentia impriauzim o Afonso do Conjunto Dominó ou o Rick dos Menudos... . Aà não dava outra... E dentro de um fusca apertado... E com aquelas músicas... Era beijo que dava câibra nos beiço.
A conquista hoje
Apois bem! Deste negócio aà de sedução eu não tô mais entendendo nada. Já saà do ramo! Mas vejo que ou os homens não têm o que dizer ou as mulheres não andam a fim de escutar. Pra conseguir uma paquera, hoje, os jovens estão enchendo o bagageiro do carro de potentes caixas de som e se plantam nas lojas de conveniência dos postos de gasolina pra ver quem faz mais barulho.
E as letras das músicas não precisam mais colaborar. Ao invés de tratar as mulheres com doçura, como no tempo do Abelardo e no meu tempo, xingam elas de raparigas e de tudo enquanto é nome feio. Esta semana estava passando ali no Posto 6, e um mauricinho cercado de patricinhas de boa famÃlia arrochava a toda altura uma música do "Aviôes do Forró":" É rapariga, é cabaré, é bagaceira, e muita mulher..."
Eis a nova forma de conquista! Ó tempora, Ó mores!
A bóia do Pires
Dizem que o nome verdadeiro do jornalista Pires de Sabóia é Francisco Antônio do Nascimento. A alcunha pelo qual é conhecido hoje deve-se ao fato de ter saÃdo do Ceará puxando a cachorrinha na seca do 70, com um pires na mão. De lá até aqui, todo mundo que ele via comendo alguma coisa, desembanhava o pires dum saquim e arrochava pedindo: "Dona Maria me dê, por caridade, um pires dessa bóia. Ô seu Zé, pelo amor do padim Ciço, me dê um pires dessa bóia! Aà ficou conhecido como Pires de Sabóia. Mas esta é outra história.
O certo é que o Chico Antônio, ou melhor, o Pires de Sabóia, não sei baseado em quê, virou um dos melhores analistas polÃticos do jornalismo piauiense. Quem quiser que pense doutro jeito!
Diz o Pires de Sabóia que pro Piauà deixar de ser lascado nem precisava muito. Bastava que chegassem por aqui os milhões de reais que saem na imprensa, todo dia. Esses que os polÃticos dizem que estão trazendo de BrasÃlia. Se isso acontecesse, o nosso governador iria mudar a forma de abordar as pessoas. Ao invés do usual "e aà hombre, como vai?", ele iria arrasar com um: "Nesta Terra Querida, liseira só de cabelo. Crise só de garganta. E aperto, só de mão". Era mermim que eu tá vendo!
Ah é, é?!
E eu nunca entendi mesmo que diabo de tanto dinheiro era esse que, se saÃa de lá, nunca chegava por aqui. E se alguma vez chegou, comeram ele com farinha de puba, porque a obra grande deste governo, que eu conheço, foi ter colocado a Assembléia todinha num saco de pêta, reduzindo a oposição a extrato de bufa de anum.
Mas, nesta semana, enfim, me veio o entendimento. Na coluna do Zózimo, que neste dia contou com a colaboração do jornalista Raimundo Cazé, foi explicado tudo tim-tim por tim-tim. Quando o governo pensa no dinheiro, já abre a goela no mundo. Quando manda o projeto de autorização de empréstimo pra Assembléia, se esgoela de novo. Aà o projeto entra em discussão. E tome goela! Quando o projeto é aprovado, mais goela! Pra quem tá do lado de fora, se a reza começou com 1 milhão, depois de tanta mÃdia, já tá dando fé de que se trata de 10 milhões ou mais. Aà vai pra BrasÃlia. Cada vez que o governador diz que vai tratar de liberação da verba, tome a sair na imprensa. E como o governador tá em BrasÃlia toda semana, o que era 10 milhões vira 100 milhões bem ligerim. Como são muitos os pedidos de empréstimos, e maior ainda o bafafá, já passamos da casa dos bilhões faz é tempo.
A explicação nem é difÃcil. DifÃcil é entender!
damasio.danilo@yahoo.com.br