
Raimundo

*Por Augusto Brandão
Lá se vão 40 anos.
Uma distância que parece perto.
Uma esperança que não se apaga.
Uma saudade que não se mata.
A floresta com sua figueira grande.
A talagada de cinzano.
Caminhadas com a manga arregaçada.
Guarda peito e gibão.
Cavalo melado e selado.
Lembranças e solidão.
Destino sem ponta.
Dia sem final.
Céu sem luar.
Meninos sem rumo.
Jovens a aprumar.
Noites vazias.
Peito a doer.
Mãos entrelaçadas.
E vontade de vencer.
Raimundo Brandão e sua esposa Socorro Brandão, na época em que ainda namoravam.
Lá se vão 40 anos.
E a vontade de te ver...
Apertar tua mão.
Mesmo que não diga nada.
Mas afagar meu coração.
Dizer que vai tudo bem.
Apesar dos atropelos.
De não mais ouvir teu carão.
Da batida no braço da cadeira.
Feijão verde, pimenta e pirão.
Implicar com um e outro.
Balançar na rede com a perna de fora.
Acordar atordoado.
E sair pra não mais voltar.
Quadro elaborado por Augusto Brandão em 1º de maio de 2010, quando Raimundo faria 80 anos.
Solidariedade era sua sina.
Ser vaqueiro o seu destino.
Quis o tempo sem demasia
Amiudar a sua passagem.
Reduzir sua passada.
Apressar sua viagem.
Campear em outros áreas.
Trotar.
Laçar.
Aboiar.
Madrugar sem amanhecer.
Acordar sem viver.
Fortaleza, 12/02/2013
Texto de Augusto Brandão em tributo ao seu pai, Raimundo Brandão, nos 40 anos de sua viagem derradeira.
Raimundo Clementino Rêgo Brandão nasceu em Santa Cruz, quando o municÃpio era distrito de Oeiras, no dia 1º de maio de 1930.
Era filho de Antônio Clementino Vieira Brandão e Antônia César Brandão, falecidos.
Casou-se com Maria de Socorro de Carvalho Rêgo Brandão, com quem teve cinco filhos, Maria de Fátima, Augusto, Maria do Socorro (Socorrinho), Maria das Merces e Manoel Felipe.
Faleceu em 12 de fevereiro de 1973, aos 43 anos de idade